Após dois meses que restringiram as atividades comerciais e sociais da população, as autoridades de Xangai decretaram, nesta última terça-feira, a suspensão do lockdown que visava combater a alta propagação da variante Ômicron, da Covid-19. As restrições impostas pelo governo chinês afetaram 25 milhões de habitantes.
Xangai é um importante polo comercial e industrial da China e, durante todo o período de lockdown, houve paralisação das fábricas, afetando principalmente o mercado de semicondutores e chips, que já com seu abastecimento comprometido desde o início da pandemia.
Contudo, com a volta das atividades na região, há expectativa pela retomada econômica. A meta de crescimento do PIB chinês, para este ano, é de 5,5%, mas, com 2 meses de restrição, há certo receio de que a meta seja atingida e o baixo crescimento chinês tenha um forte impacto na economia global.
Anúncio de políticas de estímulo
Para retomar o crescimento, a cidade de Xangai anunciou um pacote de políticas que visa estimular a economia para amortecer os efeitos do lockdown sobre a economia. Aprovações de novos projetos imobiliários serão acelerados, o imposto de compra de veículos será reduzido bem como subsídios serão fornecidos para aqueles que comprarem carros elétricos.
Além disso, Xangai anunciou a redução de aluguéis para mais empresas e estimulará que multinacionais estabeleçam suas operações e centros de pesquisa na cidade. Contudo, os estímulos não se limitam somente ao que foi anunciado pela cidade de Xangai.
O governo chinês pediu o desbloqueio de aproximadamente US$120 bilhões, buscando reforçar a rede de infraestrutura do país, que vem sofrendo desaceleração econômica devido às restrições impostas para conter o avanço da pandemia. Anteriormente, a China já havia investido o equivalente a US$600 bilhões em sua economia, o que também ajudou a sustentar a recuperação da economia mundial.
A diferença é que, agora, a injeção de dinheiro não representará um gasto do governo chinês, as novas políticas serão “medidas de estímulos” solicitadas aos bancos públicos. Ainda não foi explicado como os bancos realizarão o financiamento dos empréstimos.
Reflexo na economia brasileira
A China é o principal parceiro econômico brasileiro. A retomada de um dos principais pólos econômicos do país significa caminhar para um maior equilíbrio na balança comercial, contudo, esse é um processo que ainda vai levar algum tempo. O desembaraço do porto de Xangai deve levar de 4 a 6 meses, ou seja, a cadeia de suprimentos ainda será afetada.
Contudo, com a retomada, há pelo menos a perspectiva de que o fornecimento de commodities agrícolas e minerais do Brasil para a China volte a aumentar. No entanto, ainda é necessário acompanhar como a China lidará com a pandemia no país, visto que a política defendida é de “covid zero”.
Ou seja, como não pretendem “conviver” com a covid-19, há receios de novas medidas restritivas. Novos lockdowns podem vir a afetar novamente a economia global, visto que a China é a segunda maior economia do mundo e importante fornecedor para diversas cadeias de suprimento global.