Após tantos meses de polêmica envolvendo o voto impresso, Temer afirmou que os ataques do presidente Jair Bolsonaro ao processo eleitoral, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) são “inúteis e inconstitucionais”. A declaração do ex-presidente foi divulgada nesse sábado (31), onde ele dizia que “a Constituição diz que os Poderes são independentes, mas são harmônicos entre si. Toda vez que há desarmonia há uma inconstitucionalidade”.
Além de fazer essa fala polêmica, Michel Temer ainda teceu outras críticas ao presidente, alegando que Bolsonaro subiu ao poder com “uma certa onipotência”, o que fez com que ele demorasse a perceber que precisava do Congresso para governar. “Não existe a possibilidade de o presidente comandar tudo. Só comanda com o apoio do Congresso Nacional, e não é apenas porque o presidente queira trazer o Congresso para governar junto, mas porque a Constituição assim o determina. Ele (Bolsonaro) percebeu e começou a tentar trazer o Congresso, que é fundamental para a governabilidade”. O comentário de Temer se referia à escolha de Ciro Nogueira (PP-PI) para a Casa Civil. “O Ciro [Nogueira] terá que exercer o duplo papel de ter uma relação fértil com os parlamentares e, de igual maneira, ter a capacidade de conduzir a administração do país”, disse Temer.
Michel Temer, voto impresso e eleições 2022
Assim como o ex-presidente FHC defendeu, Temer também acredita que o Brasil precisa de uma terceira via forte para disputar as próximas eleições presidenciais, como “uma homenagem ao eleitor”. Para ele, um candidato de centro precisa cumprir a Constituição Federal, ter experiência e trazer a ideia de união dos brasileiros. “O Brasil não pode continuar mais com esta guerra entre brasileiros e entre as próprias instituições”, disse o ex-presidente, que acredita que o país vive a maior crise desde a redemocratização.
Em contraponto, FHC defendeu uma terceira via polarizada para 2022 e acredita que uma opção neutra não teria força suficiente para fazer frente diante das possíveis candidaturas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Indo mais além, Temer também opinou que a discussão sobre o voto impresso é “inútil”, visto que “o voto eletrônico no Brasil serviu de exemplo para outros países. Tecnicamente, não conheço essa questão, mas não vejo como se possa violar a urna eletrônica. Em face do sucesso que se verificou, tenho a sensação de que essa discussão não deveria ser colocada em pauta”.
A fala do ex-presidente converge com o posicionamento do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, que se posicionaram contra a PEC (proposta de emenda à Constituição) que trata do assunto e tramita na Câmara. Lira falou que o voto impresso “é ruim para o país e para todos”.