Sandro Fantinel (Patriota), vereador de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, está sendo acusado de xenofobia por conta de comentários feitos, na terça-feira (28), durante uma entrevista à “TV Globo”. Na ocasião, ele questionou a repercussão do caso de trabalhadores resgatados em situação de escravidão nas vinícolas da serra gaúcha.
Na entrevista, o parlamentar pediu que os produtores de Caxias do Sul e região “não contratem mais aquela gente lá de cima”, uma alusão aos trabalhadores da Bahia que vão ao local – hoje, a maioria das pessoas que atuam na colheita da uva no Sul partem do estado baiano.
Para o vereador, o correto seria recrutar trabalhadores vindos da Argentina. Isso porque, para o parlamentar, pessoas vindas do país em questão são “limpas, trabalhadores e corretos”. Essa declaração aconteceu um dia após mais de 200 pessoas terem sido resgatadas de um alojamento em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.
Nesta quarta-feira (01), o vereador negou ter cometido qualquer crime, dizendo ainda que se referiu ao estado “porque é a Bahia que tá envolvida no processo de Bento Gonçalves, se fosse Santa Catarina, eu teria falado Santa Catarina”. Não suficiente, ele ainda acrescentou que se arrepende de ter dito que “a única cultura que os baianos têm é viver na praia tocando tambor”.
Trabalhadores resgatados
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), ao todo, eram 207 colaboradores submetidos a trabalho análogo à escravidão durante a colheita da uva para as vinícolas. Desses, 194 voltaram para a Bahia, quatro ficaram no Rio Grande do Sul e nove eram gaúchos de Rio Grande, Montenegro, Marau e Carazinho – estes voltaram para suas cidades.
Ainda conforme o MTE, esses trabalhadores foram contratados pela empresa Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde Ltda, que oferecia a mão de obra para as vinícolas Aurora, Cooperativa Garibaldi, Salton e produtores rurais da região. De acordo com as vítimas, elas eram extorquidas, ameaçadas, agredidas e torturadas com choques elétricos e spray de pimenta.