Sandro Fantinel (Patriota), vereador da cidade de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, que foi o autor de declarações contra trabalhadores da Baia, afirmou nesta sexta-feira (03) que se arrepende de suas falas feitas durante uma sessão da Câmara Municipal na última terça-feira (28). Segundo ele, a repercussão foi tão negativa que sua esposa tem pensado em deixá-lo.
“Em um momento de lapso mental, proferi palavras que não representam o que eu penso e sinto pelo povo da Bahia e do Norte e Nordeste”, afirmou ele em um vídeo que foi publicado em sua conta no Instagram. “A minha esposa chora noite e dia, recebendo mensagens ofendendo ela com todos os piores nomes que vocês podem imaginar. Ele está até pensando em me deixar”, completou ele.
Assim com publicou o Brasil123, as declarações do vereador foram registradas enquanto ele questionava a repercussão do caso de trabalhadores resgatados em situação de escravidão nas vinícolas da serra gaúcha. Durante a sessão da Câmara, o parlamentar pediu que os produtores de Caxias do Sul e região “não contratem mais aquela gente lá de cima”, uma alusão aos trabalhadores da Bahia que vão ao local – hoje, a maioria das pessoas que atuam na colheita da uva no Sul partem do estado baiano.
Para o vereador, o correto seria recrutar trabalhadores vindos da Argentina. Isso porque, para o parlamentar, pessoas vindas do país em questão são “limpas, trabalhadores e corretos”. Essa declaração aconteceu um dia após mais de 200 pessoas terem sido resgatadas de um alojamento em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.
Um dia após a declaração, ele negou ter cometido qualquer crime, dizendo ainda que se referiu ao estado “porque é a Bahia que tá envolvida no processo de Bento Gonçalves, se fosse Santa Catarina, eu teria falado Santa Catarina”. Não suficiente, ele ainda acrescentou que se arrependia de ter dito que “a única cultura que os baianos têm é viver na praia tocando tambor”. Relembre a declaração:
Trabalhadores resgatados
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), ao todo, eram 207 colaboradores submetidos a trabalho análogo à escravidão durante a colheita da uva para as vinícolas. Desses, 194 voltaram para a Bahia, quatro ficaram no Rio Grande do Sul e nove eram gaúchos de Rio Grande, Montenegro, Marau e Carazinho – estes voltaram para suas cidades.
Ainda conforme o MTE, esses trabalhadores foram contratados pela empresa Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde Ltda, que oferecia a mão de obra para as vinícolas Aurora, Cooperativa Garibaldi, Salton e produtores rurais da região. De acordo com as vítimas, elas eram extorquidas, ameaçadas, agredidas e torturadas com choques elétricos e spray de pimenta.