O relator da CPI da Pandemia, senador Renan Calheiros (MDB-AL), confirmou nesta quinta-feira (26), em entrevista coletiva, que o relatório da comissão estará pronto até o fim de setembro. Para ele, embora a CPI já esteja “na reta final”, ainda há tempo para avançar em investigações e depoimentos, com possíveis novos convocados.
Os senadores sabem que muitos depoentes mentem para a CPI, mas a essa altura da Comissão já está preparada para lidar com esses contratempos. Delegado da Polícia Civil, o senador Alessandro Vieira afirma que toda boa investigação é baseada em prova técnica. Na CPI, as ferramentas disponíveis são menores do que numa apuração policial, mas, ainda assim, é mais importante ter em mãos documentos e quebras de sigilo do que um depoimento.
Na avaliação do senador, as principais vitórias da CPI por meio da documentação até o momento foram “comprovar a falsidade” de uma série de papéis demonstrando que o contrato da Covaxin não poderia ter sido firmado, e desvendar a teia de relacionamentos entre militares da reserva e intermediários com o poder público.
Depoimentos dessa semana na CPI
Segundo a Agência Senado, a CPI da Pandemia tem reunião marcada para esta terça-feira (31), às 9h30, para ouvir o motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva. Conforme o requerimento de convocação, de autoria do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Ivanildo da Silva é um “aparente intermediário em esquemas duvidosos da empresa VTCLog”. O depoimento estava marcado para a quinta-feira (2), mas foi antecipado ao final da última reunião da comissão.
Marcos Tolentino, apontado como sócio oculto da empresa FIB Bank, será ouvido na quarta (01). A convocação foi sugerida pelo vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Segundo o parlamentar, a FIB Bank forneceu à Precisa Medicamentos uma garantia irregular no negócio de compra da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde.
Ex-secretário de Saúde do Distrito Federal, preso em agosto de 2020 durante a Operação Falso Negativo, Francisco Araújo Filho será ouvido na próxima quinta-feira (02), às 9h30, pela CPI da Pandemia. Deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), a investigação abarcou ilicitudes na aquisição de testes rápidos para detecção da covid-19 para a rede pública de saúde local.
A convocação se destina, exclusivamente, a verificar a adequada aplicação dos recursos federais repassados ao GDF em razão da pandemia de covid -19 — explica o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), autor do requerimento de convocação, que atendeu solicitação do senador Izalci Lucas (PSDB-DF). O ex-secretário obteve no Supremo Tribunal Federal (STF), por decisão da ministra Cármen Lúcia, o direito de ficar em silêncio e não produzir provas contra si no depoimento à CPI.
Além de Filho, outros gestores da Secretaria de Saúde do DF foram presos. O ex-secretário responde por organização criminosa, inobservância nas formalidades da dispensa de licitação, fraude à licitação, fraude na entrega de uma mercadoria por outra (marca diversa) e peculato (desviar dinheiro público).