O Brasil vem aumentando gradativamente o número de carros elétricos lançados. Em 2022, o país já apresentou 17 novos modelos destes veículos para a população. Aliás, o número é bem semelhante ao da Europa, que costuma lançar 20 modelos anualmente.
No entanto, quando o assunto é vendas, o Brasil perde feio para os europeus. Enquanto os carros elétricos representam 25% do total de transações realizadas no velho continente, o percentual nacional chega a apenas 2,4%.
Há diversos fatores que explicam essa diferença significativa entre os resultados. Veja abaixo os principais.
1- Investimento em infraestrutura de recarga
O principal desafio para a popularização dos carros elétricos no país é a infraestrutura de recarga. Em resumo, o setor cresce mundo afora devido aos investimentos em locais de recarga. Contudo, essa realidade ainda está bem longe no Brasil.
Por isso, torna-se necessário dar opções para os motoristas recarregarem os seus veículos. Caso contrário, fica impraticável ter um carro elétrico no país. A propósito, a criação de alguns pontos semipúblicos, como supermercados e shoppings centers, facilitariam o acesso da população.
Isso expandiria o uso dos carros, que não precisariam ficar restritos aos grandes centros urbanos do país.
2- Valorização dos biocombustíveis
Enquanto os países vêm investindo cada vez mais no setor de carros elétricos, o Brasil segue apostando em biocombustíveis. Em suma, o país está aumentando sua produção de etanol do milho, sob a justificativa de que o biocombustível é menos poluente que os combustíveis fósseis, como diesel e gasolina.
Embora a emissão de gases do efeito estufa seja bem menor entre os veículos abastecidos por biocombustíveis, os benefícios dos veículos 100% elétricos são muito maiores. Aliás, o Brasil anunciou na Conferência do Clima das Nações Unidas (COP26), em Glasgow, Escócia, que reduzirá em 50% as emissões de gases poluentes até 2030.
3- Pressão do setor de combustíveis
O setor de carros elétricos também enfrenta grandes desafios por causa da pressão do setor de combustíveis. A saber, a Petrobras lucrou R$ 44,5 bilhões no primeiro trimestre deste ano. e o governo federal é o maior acionista da empresa.
Havendo incentivo para a compra de carros elétricos, o setor dos combustíveis, do qual a Petrobras faz parte, sofreria perdas significativas. Esse é um dos fatores que impede que o governo aja com mais vigor na propagação do uso de carros elétricos pela população.
Entretanto, vale destacar que o setor de mobilidade urbana responde por 25% das emissões globais de gases do efeito estufa. Inclusive, 45% dessas emissões vêm de veículos leves. Seja como for, não será fácil para o setor elétrico conseguir superar as dificuldades presentes no Brasil.
Leia Também: Preços de passagens aéreas saltam 18,4% em maio e lideram altas