Alguns investidores mantiveram o seu otimismo para o segundo semestre, apesar de todos os problemas que se mostravam à frente. No entanto, este jornalista que vos escreve, fez um texto explicando o que poderia derrubar o Ibovespa no segundo semestre de 2021.
Após a leve alta de 0,46% em junho, o principal índice acionário da Bolsa Brasileira reverteu sua trajetória. Acumulando perdas em julho (-3,94%), agosto (-2,5%) e setembro (-6,57%), o Ibovespa derreteu 15,14% desde a sua máxima história em 7 de junho. Na parcial de 2021, as perdas chegam a 6,75%.
Em resumo, o índice sofreu com todos os desafios previstos, que não eram poucos. Contudo, as preocupações cresceram ainda mais, empurrando o Ibovespa cada vez mais fundo no poço em que se encontra. E as expectativas para outubro também não se mostram muito favoráveis.
Problemas antigos
No início de julho, os principais desafios para o Ibovespa eram: pandemia da Covid-19, crise política, inflação elevada e aperto monetário. Todos estes problemas continuam presentes, ou seja, o índice ainda precisa enfrentá-los em outubro para tentar acumular ganhos.
Em relação à crise sanitária, a vacinação nos países continua avançando. Por outro lado, a Delta, variante mais transmissível do novo coronavírus, está elevando o número de casos e mortes em todo o planeta nos últimos tempos. Possível adoção de novas medidas restritivas preocupa investidores, que tendem a fugir de mercados emergentes.
Além disso, o desgaste do governo Bolsonaro se intensifica, como mostram as recentes pesquisas. O presidente pretende elevar o valor do Bolsa Família através dos precatórios, o que tende a debilitar ainda mais a saúde fiscal do Basil. Vale destacar que o aumento de gastos públicos impulsiona a inflação no país.
Por falar nisso, a inflação segue nas alturas e a previsão é que a taxa cresça ainda mais. Em suma, uma inflação elevada reduz o consumo, pois os preços dos produtos e serviços ficam mais caros. Em outras palavras, o custo de vida sobe, e o principal instrumento do Banco Central (BC) para conter essa taxa é a Selic.
A saber, o BC já elevou a taxa básica de juros do país cinco vezes apenas neste ano, e deve aumentá-la ainda mais até o final de 2021. Uma Selic mais alta funciona para reduzir o poder de compra do consumidor e desaquecer a economia. Dessa forma, a inflação tende a cair com a alta da Selic. Mas isso aumenta os temores em torno da estagflação do Brasil (termo que se refere à estagnação econômica e ao aumento da inflação no país).
Novos desafios para o Ibovespa
Atualmente, novos desafios surgiram, tanto do exterior quanto internamente. Em primeiro lugar, o mercado segue atento ao Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA. A entidade já sinalizou que os baixos juros adotados no país começarão a subir assim que os estímulos injetados na economia acabem de vez. E a expectativa é que isso aconteça em meados de 2022.
A saber, o Fed compra títulos públicos no valor de US$ 120 bilhões por mês desde março de 2020 por causa da pandemia. Além disso, o banco vem adotando juros baixíssimos no país, entre 0% e 0,25%. Tudo isso para aquecer a economia. No entanto, indicadores econômicos do país estão cada vez mais positivos. Por isso, o Fed confirma que reduzirá “em breve” os estímulos na economia do país.
O mundo também está vendo de perto a crise na Evergrande, segunda maior empresa do setor imobiliário chinês. A possível falência da gigante pode afetar todo o mundo, visto que a Evergrande possui dívidas em torno de US$ 300 bilhões. Ao mesmo tempo, a China também está enfrentando cortes de energia e limitações em diversas produções. Tudo isso já fez algumas instituições reduzirem as projeções para o crescimento chinês em 2021.
Por fim, as preocupações no cenário doméstico só fizeram crescer. As principais são: crise hídrica e energética, combustível mais caro e reajustes salariais cada vez menores. Não é de se estranhar que os investidores fujam do país e o Ibovespa acumule tantas perdas recentemente.
Leia Mais: Ipea reduz estimativa de crescimento do PIB em 2022