Os investidores não estão sentindo muita segurança em colocar seu dinheiro no Brasil. E o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa brasileira, indica justamente isso. A saber, nesta semana, diversas bolsas do exterior tiveram ganhos. No Estados Unidos, os índices bateram recordes no período. Mas nada disso aconteceu aqui.
Aliás, vale ressaltar que o Ibovespa subiu 0,41% na última sexta-feira (13). Assim, conseguiu reduzir o tombo na semana para -1,32%, aos 121.194 pontos. Na verdade, as preocupações dos operadores continuam latentes, em especial com a saúde fiscal do Brasil e o cenário político, bastante instável.
Em primeiro lugar, os investidores repercutiram durante a semana a decisão da Câmara dos Deputados em rejeitar a PEC do voto impresso. Apesar da derrota, o presidente Jair Bolsonaro, que participou da exibição de blindados das Forças Armadas em frente ao Congresso, reafirmou na última quarta (11) que as eleições de 2022 não serão confiáveis.
Além disso, as preocupações com a situação fiscal do país continuam altas. Os operadores temem que a turbinada no Bolsa Família, através do atraso do pagamento dos precatórios, prejudique ainda mais a saúde fiscal do Brasil. A propósito, a PEC dos precatórios seguiu para a Câmara no início desta semana. E o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou na semana passada que a PEC não representa calote aos precatórios.
Ibovespa continuará enfrentando desafios
Ao que parece, a maior preocupação do presidente Bolsonaro é tentar recuperar votos para a eleição para presidente no ano que vem. Por isso que seu governo propôs o aumento do valor do Bolsa Família. No entanto, os gastos do governo federal ajudam a elevar a inflação do país.
Nesse caso, o Banco Central atua para tentar segurar a taxa inflacionária do país, que segue nas alturas. Para isso, o banco eleva a taxa básica de juros do país, a Selic, pois ela também puxa consigo os juros praticados no país. Assim, a oferta de crédito fica limitada, uma vez que as pessoas terão que pagar mais caro pelo crédito adquirido.
Em suma, a Selic mais alta serve para desaquecer a economia do Brasil. E os aumentos da taxa devem acontecer no decorrer do ano. O que explica a inflação alta, além dos gastos exagerados do governo, é o aumento da demanda por diversos produtos e serviços.
Como a pandemia da Covid-19 afetou fortemente diversas atividades econômicas no ano passado, muita gente deixou de adquirir produtos e serviços. Agora, com o abrandamento das medidas restritivas, os indicadores estão crescendo expressivamente. Ao mesmo tempo, a Selic mais alta beneficia os investimentos em renda fixa, o que pode fazer muita gente fugir do mercado de ações.
Por fim, os investidores estão evitando o Brasil por todos estes motivos. As incertezas internas não devem acabar tão cedo. O presidente Bolsonaro não faz nada concreto para ajudar a reduzir a inflação, enquanto o ministro Paulo Guedes tenta promover as pedaladas fiscais, extrapolando o teto de gastos públicos. O que resta para os próximos pregões é a expectativa de mais perdas e menos ganhos.
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