Antes do depoimento de Roberto Pereira, diretor do FIB Bank, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-CE), disse que, apesar do nome, a FIB Bank não é banco e atua irregularmente no mercado financeiro.
Segundo a Agência Senado, CPI também receberá nesta quinta-feira (26), a partir das 9h30, José Ricardo Santana. Ele foi citado em depoimento anterior na comissão: em julho, o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias disse à CPI que participou de um jantar em que, além dele próprio, estavam mais três pessoas: o cabo da Polícia Militar de Minas Gerais Luiz Paulo Dominguetti, o coronel Marcelo Blanco e José Ricardo Santana (que já foi secretário-executivo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos). Dominguetti acusou o ex-diretor de Logística de solicitar, durante esse jantar, propina para a compra de vacinas da AstraZeneca — Roberto Ferreira Dias negou que tenha feito isso.
Roberto Pereira admitiu ao relator da CPI que a FIB Bank não é um banco, tampouco uma seguradora. Trata-se, segundo ele, de uma sociedade anônima que presta garantias fidejussórias (garantias pessoais), devidamente amparada pelo Código Civil. O faturamento do ano passado foi de cerca de R$ 1 milhão e, neste ano, está perto de R$ 650 mil, afirmou.
Ao relator, Renan Calheiros (MDB-AL), Roberto Pereira informou que a FIB Bank realizou dois contratos com a Precisa Medicamentos: um relacionado à Covaxin e outro — de matéria não informada — que gerou receita de R$ 20 mil. O depoente negou ter feito qualquer outro contrato com empresas de Francisco Maximiano, como a Global.
A FIB Bank recebe de 1% a 2% dos valores a serem afiançados, dependendo do risco da operação, segundo o diretor. A empresa teria entre seus clientes de pequenos alugueis a grandes contratos, como o relacionado à Covaxin.
Em seu depoimento, Roberto Pereira afirmou que o capital social da empresa FIB Bank é de R$ 7,5 bilhões, integralizados em um imóvel em São Paulo e outro no Paraná.
Questionado sobre quantas pessoas trabalham na empresa, ele apenas disse que demitiu muitos funcionários por conta da pandemia e contratou empresas para prestar serviço. Ele também respondeu que a empresa foi criada em 2016 pelos atuais sócios: Pico do Juazeiro e MB Guassu. No entanto, Simone Tebet (MDB-MS), Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) contestaram a informação.
Dados colhidos e divulgados pelos próprios senadores indicam que a empresa foi constituída em 2015, por meio de shelf-company. Alessandro explicou que o método é o mesmo usado por outras empresas investigadas no âmbito da CPI que adquirem outras empresas já constituídas em cartório, mas sem atividade. Segundo Simone Tebet, as duas empresas adquiridas para criação da FIB Bank estariam em nome de laranjas.
Segundo o depoente, a carta de garantia fiança foi emitida para a Precisa Medicamentos em 17 de fevereiro de 2021 (data informada anteriormente à CPI). A informação foi contestada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que apresentou o documento com a data de 17 de março. Roberto Pereira negou ter informado de forma errada propositadamente, e também disse não conhecer o dono da Precisa.