A gigante da mineração brasileira Vale assinou, nesta quinta-feira (4), um acordo para pagar R$ 37,7 bilhões ao estado de Minas Gerais. O valor é uma forma de reparação após o rompimento de uma barragem há dois anos que devastou a cidade de Brumadinho e matou mais de 270 pessoas. O valor é um dos maiores já realizados no país, conforme o governo de Minas.
O rompimento da barragem no complexo de mineração de ferro da Vale em 25 de janeiro de 2019 desencadeou uma onda destrutiva de resíduos de minérios. O desastre ambiental enterrou o equivalente a 300 campos de futebol sob a densa lama de resíduos. Autoridades mineiras disseram nesta quinta-feira que 11 pessoas ainda estão desaparecidas.
“Sabemos que temos um longo caminho a percorrer e permanecemos firmes em nosso propósito”, disse o presidente-executivo da Vale, Eduardo Bartolomeo, em um comunicado.
Cerca de 30% do total irá para Brumadinho, com recursos para as famílias das vítimas, projetos ambientais e geração de empregos. Parte do dinheiro do assentamento também financiará projetos em todo o estado, incluindo melhorias no transporte público e nova infraestrutura.
Desastre ambiental causado pela Vale
O dinheiro também irá para comunidades ribeirinhas e fazendeiros cujos meios de subsistência foram destruídos na tragédia. A barragem continha resíduos de mineração conhecidos como rejeitos com altos níveis de óxido de ferro. Cerca de 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos lançados poluíram o vizinho Rio Paraopeba, uma importante fonte de água para irrigação e pesca.
Um estudo ambiental ao longo da hidrovia revelou água de baixa qualidade, adequada apenas para barcos. De acordo com o relatório do grupo não governamental SOS Mata Atlântica, os metais pesados, incluindo ferro, manganês e cobre, estavam em níveis acima dos permitidos por lei.
Os promotores do Ministério Público Federal também encontraram evidências de que as empresas sabiam que a mina operava em condições de segurança “inaceitáveis”. Os executivos da Vale e da empresa de auditoria alemã TÜV SÜD podem pegar até 30 anos de prisão se forem condenados.
Em 2015, a Vale se envolveu em mais um desastre em uma barragem na cidade de Mariana, também em Minas Gerais. Nesse incidente, 19 pessoas morreram e centenas foram forçadas a abandonar as casas.