Comissários de voo e pilotos, vinculados ao Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) anunciaram o início de uma greve na tarde desta quinta-feira, 15. O início da paralisação acontecerá na próxima segunda-feira, 19. Com isso, as companhias aéreas possuem cerca de 72 horas para fechar uma renegociação que agrade o sindicato e conseguir retomar as atividades no fim do ano.
O movimento deseja parar as atividades no fim do ano, época de maior movimento nos aeroportos do Brasil. A greve foi aprovada por unanimidade no sindicato e coloca a Latam, a Gol e a Azul em uma situação complicada, já que as empresas ainda precisam lidar com o aumento dos custos de operação.
Vai ter greve, diz sindicado
O Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) anunciou que fechou um acordo para começar uma greve na próxima segunda-feira, 19. A principal insatisfação do setor é com o valor salarial, além de ajustes na jornada de trabalho. De fato, a rotina de comissários de voo e de pilotos é pesada, sem rotina de horários, muitas chaves de voo e um dia a dia desgastante.
Para o reajuste salarial, o movimento que organizou a greve tem algumas reinvindicações. Isso porque, segundo o sindicato, os grevistas querem um reajuste salarial igual ao da inflação, atualmente em 5,9%, além de um ganho real de 5%. Além disso, outra medida defendida é o cumprimento da regra chamada tempo entre etapas em solo, que determina um intervalo de até 3 horas entre um voo e outro. Segundo sindicalistas, atualmente o prazo pode passar de 6 horas de espera.
Com as reivindicações, o custo de operação das companhias aéreas poderia aumentar significativamente. Além disso, o sindicato relembra o fracasso que foram as negociações do ano passado, que exigiu a participação do Tribunal Superior do Trabalho. Dessa forma, a greve deste ano possui mais respaldo econômico, segundo representantes do setor.
O outro lado da moeda
A contrapartida, defendida por especialistas ligados às empresas do setor, é que durante a pandemia houve o desligamento voluntário, com a posterior recontratação. Dessa forma, o setor obteve muito sucesso na manutenção dos empregos. Esses movimentos aconteceram também com negociações com o sindicato. Contudo, a greve deixará outros problemas.
Isso porque, em 2022, o preço das passagens aéreas apresentaram uma alta de 40%, em média. A alta no setor se deve ao aumento do preço do querosene de aviação, que representa um terço de todos os custos das empresas do setor. O cenário fica ainda pior ao analisarmos os resultados das empresas, o que também impacta as greves.
Isso porque a Latam teve um prejuízo de R$1,5 bilhão no terceiro trimestre deste ano. Neste caso, a maior parte da perda veio da recuperação judicial da empresa. A Gol, por sua vez, também teve um prejuízo de R$1,5 bilhão. A Azul apresentou resultados ainda piores: um prejuízo de R$1,6 bilhão.
Por isso, o movimento da greve pode ficar ainda mais preocupante, pelo fato de as companhias não terem dinheiro para arcar com as requisições do sindicato, além de precisarem operar com custos muito altos para se manterem em funcionamento.