Em uma semana decisiva para o fechamento dos indicados aos ministérios do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o União Brasil, Partido de Sérgio Moro, tem embaraçado o fechamento das escolhas.
A situação tem incomodado o próprio Partido dos Trabalhadores (PT) às vésperas dos próximos anúncios. Na última sexta-feira, o partido já oficializou cinco nomes para os ministérios, incluindo Fernando Haddad, que assumirá o Ministério da Fazenda.
As negociações no União Brasil
A estratégia do Partido dos Trabalhadores com ênfase em formar uma ampla aliança no Congresso, visto a maioria de aliados de Bolsonaro que se elegeram, trouxe a oportunidade ao União Brasil em fazer parte do ministério de Lula.
O partido, que conta um grande desafeto de Lula, o ex-juiz e agora senador Sérgio Moro, tem barganhado para tentar conseguir ficar com pelo menos dois ministérios.
As negociações seguiram neste final de semana, já que Lula passou em Brasília pela primeira vez desde que ganhou a eleição, em outubro. O martelo deverá ser batido em reunião da cúpula do futuro governo no final da tarde de hoje.
As tratativas começaram ainda no segundo-turno das eleições para presidente, quando o então presidente do União Brasil e deputado, Luciano Bivar, acenou para o governo de Lula que poderia sim colaborar num futuro governo.
Nesse sentido, segundo os parlamentares do PT, o União Brasil tem pedido de dois a três ministérios, sendo um deles mais “robusto”. As indicações ficariam a cargo dos líderes da sigla no Congresso, o deputado Elmar Nascimento (BA) e o senador Davi Alcolumbre (AP), e de Bivar.
As conversas estão sendo conduzidas em especial pela presidente petista, Gleisi Hoffmann, e pelo deputado federal José Guimarães (PT-CE). Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente eleito, também participou e recebeu ex-bolsonaristas do União Brasil na sede da transição em Brasília nesta semana.
Incômodo por parte do PT
A repartição de ministérios tem causado um certo incômodo por parte dos parlamentares petistas. Segundo eles, eles apóiam a lógica de um “governo de coalizão”, mas esperam que o PT continue sendo o grande protagonista. Nesse sentido, criticam a ideia de distribuir ministérios, principalmente com partidos que possuem alguma ligação que não seja da esquerda, como o União Brasil.
Internamente, interlocutores de partidos aliados dizem que um dos principais desafios da transição está sendo exatamente realocar todos estes apoios e barganhas -algo que, embora muitos opinem, já está dado que cabe apenas a Lula.
A situação do União Brasil
O partido de Sérgio Moro, União Brasil, tem hoje 59 deputados e 10 senadores (terceira maior bancada nas duas Casas) e se torna um aliado valioso para o governo. Caso o acordo seja selado hoje, como tem sido costurado, é esperado que o partido já ajude na aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição, que irá a plenário nesta semana.
Em caso de integrar o governo, é esperado que um grupo do partido siga na oposição do governo, assim como o MDB e o PSD, outros dois partidos de centro e centro-direita que também irão ganhar pastas. Resultado da fusão do PSL, sigla do presidente Jair Bolsonaro (PL) quando foi eleito, e do DEM, dois partidos historicamente rivais do PT, é esperado que nomes como Moro e a senadora Soraya Thronicke (MS), entre outros parlamentares conservadores, sigam na oposição.