Entre disputas políticas envolvendo a gestão atual do governo Lula e outros parlamentares, o União Brasil está entre os principais partidos contemplados pela primeira grande leva de pagamentos de emendas pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A legenda recebeu R$ 224 milhões em emendas neste início de junho.
O clima dentro do União Brasil
Apesar de manter posição de independência na Câmara dos Deputados, o União Brasil reclama que não se sente representado na pasta do Turismo (uma das três comandadas pelo União na Esplanada). A bancada da sigla na Casa Baixa alega que Daniela do Waguinho, deputada eleita pela legenda e nomeada ministra, faz parte da “cota pessoal” do presidente. Ela pediu para deixar o União Brasil e aguarda decisão da Justiça Eleitoral para migrar para o Republicanos sem perder o mandato.
Os outros dois ministros indicados pelo partido, Juscelino Filho (Comunicações) e Waldez Góes (Integração), são da cota do senador Davi Alcolumbre (União-AP). Insatisfeitos, os deputados liderados na Câmara por Elmar Nascimento (BA) colaboraram com derrotas do governo em votações na Câmara, como nos casos do Marco Temporal e do Marco do Saneamento.
Nesse sentido, os deputados, insatisfeitos, queriam até derrubar a atual estrutura dos ministérios. Eles cobram a indicação de Celso Sabino (PA) como ministro e o pagamento das emendas.
Demandas do Partido
Lideranças do União Brasil dizem, nos bastidores, que a indicação do Ministério do Turismo não é suficiente para satisfazer as demandas da bancada. É preciso entregar a pasta “de porteira fechada”, isto é, com liberdade para nomear todos os cargos de sua estrutura. Além disso, cobra-se poder para indicar a execução de emendas até então represadas.
“A bola agora está com eles. Vamos esperar para eles amadurecerem a troca, deve acontecer entre uma semana e dez dias”, disse ao Metrópoles um dos deputados próximos ao líder da bancada, Elmar Nascimento. Pouco antes, o presidente Lula garantiu uma sobrevida à ministra, mas somente enquanto aperfeiçoa os detalhes para a possível troca.
Pede-se também o comando da Embratur, hoje comandada por Marcelo Freixo, aliado de primeira hora de Lula. Argumenta-se, porém, que se o presidente da República quiser manter Daniela do Waguinho, não há drama: basta apresentar como alternativa a nomeação de Celso Sabino em alguma outra pasta, desde que ela tenha cargos a serem indicados e valor relevante de emendas a serem liberadas.
Dessa forma, a liberação das emendas indica um movimento de melhoria na relação do governo Lula com o União Brasil. O pagamento é desses recursos é necessário em ambos os cenários: seja com a troca no Turismo junto com a Embratur ou outra configuração a ser apresentada como proposta pela articulação política do Planalto.