Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta sexta-feira (13) que a minuta de um decreto encontrada na casa de Anderson Torres, que foi ministro do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), “foi um choque para todo o Brasil”. Assim como publicou o Brasil123, o documento previa a decretação de um estado de defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o objetivo reverter o resultado da eleição em que Bolsonaro foi derrotado pelo atual chefe do Executivo, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ministro da Justiça diz que não há elementos para investigar Bolsonaro por minuta golpista
Esse documento foi encontrado enquanto a Polícia Federal (PF) cumpria um mandado de busca e apreensão na casa de Anderson Torres, que teve sua prisão ordenada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes – ele, que até domingo (08) era secretário de Segurança do Distrito Federal, é acusado de ter sido conivente com os manifestantes terroristas que invadiram as sedes dos Três Poderes.
Durante entrevista ao canal “CNN Brasil” nesta sexta, Gilmar Mendes lembrou das manifestações que aconteciam durante o governo Bolsonaro, onde apoiadores de Bolsonaro se dirigiam às ruas para atacar o STF e ao Congresso. “Havia um alimento para as pessoas, que eram seguidoras de determinada política, de que o Supremo era um mal do país e que precisava ser destruído”, afirmou ele sem citar o nome do ex-presidente.
Ainda na entrevista, Gilmar Mendes afirmou que, quando se pensou no Estado de Defesa, a ideia era poder delimitar um território onde ia se aplicar o “golpe, suprimindo o Tribunal Superior Eleitoral ou a justiça eleitoral”. Para ele, Anderson Torres vai “contribuir para explicar esse fato, falar quem produziu, quem sugeriu”.
“Espero que isso seja esclarecido o mais rapidamente possível”, disse Gilmar Mendes, que ainda relatou que, em sua opinião, que quem toma esse tipo de atitude ou ao menos tenta, de alguma forma, boicotar as eleições, os resultados ou transmissão do cargo, “não está pensando em um processo democrático” e sim apenas na manutenção de um poder.
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