A Rússia deu o prazo de um mês para o Twitter excluir os conteúdos considerados proibidos pelas autoridades do país, e que continuam online. Caso contrário, o Roskomnadzor, órgão regulador de comunicações da Rússia, promete bloquear a rede social no território russo. A ameaça aumenta o impasse do governo russo com as plataformas de mídia social, que desempenharam um papel importante nos protestos contra o presidente Vladimir Putin.
O alerta desta terça-feira (16) veio uma semana após a Rússia começar a desacelerar a velocidade de envio de fotos e vídeos para o Twitter. A agência reguladora agiu após o fracasso em fazer a plataforma remover conteúdo supostamente encorajando o suicídio entre crianças e informações sobre drogas e pornografia infantil que permaneceram online desde 2017.
De acordo com a agência russa, o Twitter não removeu mais de três mil postagens com conteúdo banido, incluindo mais de 2.500 postagens sobre o suicídio de menores. Em contrapartida, a plataforma enfatizou sua política de tolerância zero para a exploração sexual infantil, promoção do suicídio e venda de drogas.
Diante disso, o vice-chefe do Roskomnadzor, Vadim Subbotin, justificou a ameaça porque o Twitter ainda não atendeu às exigências das autoridades russas. “O Twitter não reage às nossas solicitações de maneira adequada e, se as coisas continuarem assim, em um mês será bloqueado, fora do tribunal”, afirmou.
Para especialistas ouvidos pelo The Moscow Time, o anúncio da Rússia de interromper o acesso ao Twitter não tem precedentes. Pesquisas indicam que apenas 3% dos russos usam o Twitter, a maioria da população tem contas nas redes sociais criadas no país.
Briga entre Rússia e rede sociais americanas
As autoridades da Rússia criticaram as redes sociais americanas, amplamente usadas para levar milhares de pessoas às ruas em toda a Rússia este ano. A onda de manifestações foi a maior em anos e representou um grande desafio para o governo russo, uma vez que exigiam a libertação do principal opositor de Putin, Alexei Navalny.
De acordo com as autoridades, as plataformas não conseguiram remover posts que convocavam crianças a participarem dos protestos. Vladimir Putin ordenou a polícia a monitorar as redes sociais e rastrear aqueles que “atraem as crianças para ações de rua ilegais e não autorizadas”.
Os esforços do governo para aumentar o controle da internet e das mídias sociais surgiram em 2012. Na época, a Rússia adotou uma lei que permite às autoridades colocar na “lista negra” e bloquear determinados conteúdos online. Desde então, há um número crescente de restrições direcionadas a aplicativos de mensagens, sites e redes sociais.
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