A eleição presidencial do Brasil será um teste antecipado para o novo proprietário do Twitter, Elon Musk, que prometeu aliviar a política de desinformação da plataforma, que nos últimos anos trabalhou para limitar o que é considerado falso ou discriminatório.
É importante ressaltar que mesmo com os controles em vigor, os eleitores brasileiros já se deparam com uma enxurrada de representações enganosas sobre candidatos, programas governamentais e parcerias políticas. Portanto, o problema pode aumentar se Musk cumprir sua promessa de reverter as regras do Twitter no momento em que milhões de eleitores se preparam para votar.
Especialistas comentam
“Este é o momento mais crítico para este trabalho, logo antes de uma eleição”, disse Alejandra Caraballo, instrutora da Clínica de Direito Cibernético da Harvard Law School, que monitora a resposta online à compra de Musk. “Vamos ver um teste com a eleição no Brasil neste domingo, quando veremos como as coisas ficam ruins”, complementou.
De acordo com Caraballo, mesmo que Musk esperasse até depois das eleições para fazer mudanças, sua decisão de demitir executivos responsáveis pela moderação de conteúdo despertou a capacidade da empresa em reprimir a desinformação e o conteúdo extremista ligado à desconfiança da democracia.
Movimentações de Musk no Twitter
Na última sexta-feira (28), Musk anunciou a criação de um comitê para revisar as políticas do Twitter sobre moderação de conteúdo e restabelecimento de contas suspensas. “Nenhuma decisão importante de conteúdo ou restabelecimento de conta acontecerá antes que o conselho se reúna”, twittou Musk.
O primeiro passo de Musk como proprietário do Twitter foi demitir os principais líderes da plataforma, incluindo Vijaya Gadde, o principal advogado que supervisiona os esforços de moderação de conteúdo e segurança do Twitter.
Musk, o homem mais rico do mundo, não detalhou seus planos para o Twitter, que ele comprou esta semana por US$ 44 bilhões. Mas ele se autodenominou “absolutista da liberdade de expressão” e disse que a plataforma deveria tolerar qualquer conteúdo legalmente permitido.
Esse é um limite que varia muito entre os países. No Brasil, por exemplo, abrangeria conteúdos enganosos sobre vacinas ou eleições, bem como, a negação da fome que aflige o país e ampliação dos discursos de ódio. Importante destacar que Musk discordou da decisão do Twitter de banir Donald Trump depois que as mentiras do ex-presidente sobre a eleição de 2020 ajudaram a estimular o ataque mortal de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio dos EUA.
Perigo da desinformação
A desinformação divulgada antes da eleição pode ter um impacto maior, já que autoridades e jornalistas independentes têm pouco tempo para reagir. Às vezes, declarações enganosas sobre votação podem fazer parte de uma campanha para confundir ou intimidar deliberadamente as pessoas a ficarem em casa. Outras vezes, pode enganar os eleitores sobre o resultado.
Os brasileiros estão sendo alvo de falsas alegações políticas antes da eleição presidencial deste fim de semana entre Lula e Bolsonaro. Em suma, o novo dono do Twitter precisa pesar muitos fatores antes de decidir como adaptar o conteúdo em sua nova plataforma.