A Turquia já prendeu 36 estudantes que protestavam contra a nomeação do novo reitor da Universidade do Bósforo, na capital Istambul. As manifestações que reúnem centenas de pessoas acontecem desde a última segunda-feira (4) depois que o presidente turco Recep Tayyip Erdogan nomeou um aliado político para o cargo de reitor.
Para os estudantes, a nomeação de Melih Bulu é uma tentativa do presidente de tentar restringir as liberdades acadêmicas e mais um gesto que ameaça a democracia no país. Em 2015, Bulu concorreu às eleições parlamentares pelo partido de Erdogan. A Universidade do Bósforo é uma das mais prestigiadas da Turquia.
Desde 2016, Erdogan tem o direito de nomear reitores de centros e nos últimos dias ordenou o fechamento de mais de mil escolas e 15 universidades. Há pouco mais de uma semana, o parlamento turco aprovou uma lei que fortalece ainda mais o poder do governo de supervisionar fundações, ONGs e organizações da sociedade civil em geral.
Até agora, os reitores nomeados por Erdogan estão todos próximos do partido no poder. Antes do golpe fracassado de Erdogan em 2016, os reitores eram escolhidos por meio de eleições.
Professores dizem que Bulu é o primeiro reitor a ser escolhido fora da universidade desde o golpe militar na Turquia em 1980. “Não podemos aceitar tal fato, porque viola claramente a liberdade acadêmica e independência científica, bem como os valores democráticos da nossa universidade”, afirmam.
Prisões na Turquia
Logo após os primeiros protestos contra a nomeação, a polícia começou a vasculhar os dormitórios dos estudantes e realizar prisões. Desde segunda-feira, 36 pessoas foram presas sob a acusação de resistir a agentes e violar a lei que proíbe manifestações não autorizadas. Policiais fecharam as portas da universidade na tentativa de impedir novas manifestações.
Nos últimos cinco anos, milhares de acadêmicos, advogados, jornalistas, funcionários públicos e militares foram presos por supostas ligações com o terrorismo.
Leia também: Hong Kong prende 53 pessoas por ‘conspiração’