Na próxima quinta-feira (22), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dará início ao julgamento que poderá definir a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Esse caso envolve uma ação contra a chapa Bolsonaro-Braga Netto, impetrada pelo PDT. Nesse sentido, o PDT questiona a postura do ex-presidente durante uma reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada, em julho de 2022.
Contudo, dada a magnitude e a complexidade do caso, o TSE prevê que o julgamento possa se estender por um período mais longo. Por isso, decidiram alocar também as sessões dos dias 27 e 29 para a continuação da análise. Além disso, Bolsonaro, na condição de presidente e aspirante à reeleição, fez alegações infundadas que lançaram dúvidas sobre a segurança das urnas e do processo eleitoral, o que é visto pelo PDT como um possível abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.
Por fim, os ministros do plenário da Corte Eleitoral, Alexandre de Moraes (presidente), Benedito Gonçalves (relator), Cármen Lúcia, Nunes Marques, Raul Araújo Filho, André Ramos e Floriano de Azevedo, irão avaliar as alegações apresentadas. Portanto, esta avaliação, decisiva, será responsável por determinar se Bolsonaro fez uso indevido dos meios de comunicação e abusou do poder político, o que poderá culminar na sua inelegibilidade.
Ministério Público a favor da inelegibilidade de Bolsonaro
O Ministério Público Eleitoral, como parte da sua linha de argumentação, defende a inelegibilidade do ex-presidente da República. Em um esclarecimento adicional, Paulo Gonet, vice-procurador-geral eleitoral, aponta que houve um abuso de poder. Nesse sentido, ele justifica essa posição alegando que Bolsonaro não deveria ter utilizado recursos do Estado para disseminar informações inverídicas acerca das eleições.
Na sequência, Gonet destaca que a busca de Bolsonaro por benefícios pessoais tornou-se explícita na situação. “O uso de recursos estatais para a atividade da mesma forma está estampado nos autos”, afirma o vice-procurador-geral. Sendo assim, tal afirmação reforça a visão do Ministério Público Eleitoral sobre a gravidade da ação do ex-presidente.
Gonet enfatizou que o evento foi meticulosamente orquestrado para que o pronunciamento se configurasse como uma manifestação oficial do então Presidente da República, no papel de chefe de Estado. Neste sentido, ele aponta que “o abuso do poder político está positivado”, recorrendo à convocação de embaixadores estrangeiros e ao ambiente oficial na qual a reunião ocorreu para reforçar sua afirmação.
Leia também: Randolfe Rodrigues vai pedir apuração contra Marcos do Val no Conselho de Ética do Senado
Ações adicionais levantadas contra a elegibilidade
Além da ação, que está prevista para iniciar sua análise na próxima quinta-feira, o ex-presidente encontra-se no centro de outros processos atualmente em tramitação na Corte. Este cenário amplia a complexidade do quadro legal que o ex-chefe de estado precisa confrontar.
Em um desses processos, por exemplo, questiona-se a concessão de benefícios financeiros durante o período eleitoral. Especificamente, abordam-se ações como a antecipação da transferência do benefício do Auxílio-Brasil e do Auxílio-Gás. Este ponto de discussão coloca em perspectiva se tais atitudes poderiam representar uma forma de influência indevida no resultado das eleições.
Na sequência, outra ação envolve a realização de atos de campanha durante o desfile cívico de 7 de setembro. Neste cenário, alega-se que Bolsonaro pode ter utilizado sua posição para promover sua então candidatura. Se comprovadas, tais alegações poderiam representar violações significativas das normas eleitorais, adicionando uma nova dimensão aos desafios legais enfrentados pelo ex-presidente.