A alta constante na inflação tem promovido o desequilíbrio no mercado de trabalho. O impacto é tamanho que hoje, 70% dos trabalhadores brasileiros possuem uma renda menor do que em 2019, antes da pandemia da Covid-19.
A inflação é a base utilizada para calcular uma série de preços aplicados no mercado hoje. De acordo com a revisão do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), a inflação aumentou de 8,4% para 9,1%.
O INPC é um dos medidores que o Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE) usa para medir a inflação oficial do Brasil. Esta também é a mesma base utilizada para promover o reajuste anual do salário mínimo.
O impacto da inflação nos reajustes dos preços tem elevado o patamar de gravidade e, por consequência, de desigualdade financeira que triplicou desde o terceiro trimestre de 2020. Pelo menos, esta é a conclusão a qual o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Daniel Duque, chegou.
Os cálculos realizados pelo economista consideram o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país. Em junho deste ano, a inflação estava na casa dos 8,35%, considerando o acumulado de 12 meses. Hoje, o percentual foi elevado para 10,25%, o que quer dizer que os efeitos devem se intensificar ainda mais por meio do aumento nos preços.
O levantamento feito pelo economista indica que os brasileiros que estão no topo da pirâmide social tiveram a chance de preservar ou aumentar a renda nos últimos dois anos. É o caso dos 10% mais ricos do país, cujo ganho real chegou a 8%.
Segundo a edição do Boletim Focus divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira, 01, com o apoio de agentes do mercado financeiro, a inflação deve encerrar o ano em 9,17%. Na prática, até lá, a cada dia que se passe o salário mínimo é cada vez mais desvalorizado, enquanto os produtos e serviços comercializados no Brasil ficam ainda mais caros.
Em meio a essas projeções, também está a nova estimativa de salário mínimo para 2022, que pode aumentar de R$ 1.100 para R$ 1.200.
Se esta previsão se confirmar sem uma mudança no cálculo, haverá um aumento de R$ 31 com base na estimativa anterior apresentada na Lei Orçamentária Anual (LOA), que era de R$ 1.169. De acordo com o secretário especial do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Esteves Colnago, a revisão foi feita com o propósito de validar as previsões para as contas públicas apresentadas pela nova equipe do ministério na última sexta-feira, 29.
Dados apresentados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) informam que o salário mínimo é a base para cerca de 50 milhões de trabalhadores brasileiros, além de 24 milhões de beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).