Nesta próxima segunda-feira (8), a Polícia Federal irá ouvir o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, que também foi ministro da Justiça do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. A intenção da PF é apurar as responsabilidades de Torres no inquérito das operações irregulares da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno das eleições presidenciais em 2022.
Atualmente, o ex-secretário está preso no 4º Batalhão de Aviação Operacional por omissão durante as ações golpistas no dia 8 de janeiro. Na época, ele se encontrava nos Estados Unidos, mais precisamente em Orlando, local onde o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, decidiu ir após o resultado do pleito.
Anderson Torres ainda recebe o salário de delegado da Polícia Federal e, inclusive, a corporação pretende cortar seus vencimentos. Sua remuneração é de aproximadamente R$30 mil mensais e, segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, a Polícia Federal já abriu um processo administrativo para cortar seu salário e, num segundo momento, expulsar o ex-secretário da corporação.
A defesa do ex-secretário vem tentando revogar a prisão preventiva, argumentado que, principalmente, Torres não fornece risco para as investigações e que, além disso, seu estado de saúde mental vem piorando. A Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou a favor da revogação da prisão, com a condição de monitoramento de Torres através da tornozeleira eletrônica.
O ministro do STF, Alexandre de Moraes, chegou a responder a defesa, mas indicou apenas que o ex-secretário poderia apenas ser transferido para uma clínica psiquiátrica. A sugestão do ministro foi descartada pela defesa de Torres, argumentando que ele deveria ser mantido na prisão mediante as condições fornecidas.
Senadores bolsonaristas fazem visita a Torres
Neste último sábado (6), alguns senadores bolsonaristas fizeram uma visita a Anderson Torres na prisão. Durante a visita, o ex-secretário alegou inocência e demonstrou fragilidade, segundo fala dos senadores. As visitas foram autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, após ofício assinado por mais de 40 senadores no dia 15 de março. Apenas Flávio Bolsonaro e Marcos do Val foram impedidos de visitar por serem réus do mesmo inquérito que investiga Torres.
Alguns outros senadores também fizeram visita a Anderson Torres neste domingo, um deles foi Izalci Lucas (PSDB). Após o encontro, o parlamentar disse que o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal está “desesperado” por não ver as três filhas. “Ele está sem ver as filhas há quase quatro meses. Ele chorou o tempo todo quando falou da família”, disse Izalci em vídeo publicado em suas redes sociais.
“Fiquei impressionado com o seu estado. Muito triste, chora o tempo todo, não pode ver os filhos. Ele afirmou que está com a consciência tranquila e disposto a esclarecer os fatos”, comentou o senador “A situação é grave em termos de saúde mental, mas vamos trabalhar para garantir que a Constituição seja cumprida. Já ultrapassou o limite da prisão preventiva, não da para entender ele estar tanto tempo preso dessa forma”, completou Izalci.