A greve dos caminhoneiros teve início na última quarta-feira, 8, e já foi responsável pelo fechamento de, aproximadamente, 15 rodovias brasileiras. O ato de manifestação possui vínculo político junto ao Governo Federal e ao agronegócio.
O fator causador da greve dos caminhoneiros foi a manifestação convocada pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 7 de setembro, durante a celebração do Dia da Independência do Brasil. Em análise à situação, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) declarou que o ato não será capaz de afetar o escoamento.
Por outro lado, a administração portuária de Paranaguá (PR) informou que os manifestos não estavam atrapalhando o fluxo de cargas até a tarde de ontem, o que levou o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) a se pronunciar dizendo que vai acompanhar eventuais bloqueios.
Já a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), acredita que a greve dos caminhoneiros tem provocado graves transtornos ao setor de transportes, afetando, por consequência, o abastecimento de estabelecimentos comerciais. De acordo com a entidade, cerca 4 mil empresas de transportes associadas direta e indiretamente, além de 50 entidades patronais estão congregadas à ação.
“NTC&Logística vem manifestar total repúdio às paralisações organizadas por caminhoneiros autônomos com bloqueio do tráfego em diversas rodovias do País, por influência de supostos líderes da categoria. Trata-se de movimento de natureza política e dissociado até mesmo das bandeiras e reivindicações da própria categoria, tanto que não tem o apoio da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos”, afirmou a associação em nota.
Um encontro recente entre o ex-presidente, Michel Temer, e o atual presidente da República, Jair Bolsonaro, trataram de temas políticos que estão em alta no momento. Na ocasião, Temer aproveitou para dar alguns conselhos práticos a Bolsonaro sobre a sua gestão.
Um dos conselhos dados se refere às críticas pronunciadas em ataque ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Temer convida Bolsonaro a “olhar para o futuro” e tentar apaziguar a situação. Nota-se que esta fala pode ter sido o ponto de partida para a nota à imprensa publicada pelo presidente nesta quinta-feira, 9.
Uma das pautas mais importantes deste encontro foi a atual crise provocada pela greve dos caminhoneiros que resultou na paralisação de várias estradas. Temer disse que, apesar de se tratar de uma iniciativa autônoma, que não conta, nem mesmo com as associações de classe, a responsabilidade pode cair no colo de Bolsonaro.
“Presidente, eu já passei por isso, sei como é. Mais cedo ou mais tarde, com desabastecimento, aumento de preços, essa greve vai cair diretamente no seu colo”, disse Temer a Bolsonaro.
Michel Temer não é o único que tenta ajuizar Bolsonaro, pois esta medida também foi adotada pelo general Luiz Eduardo Ramos, secretário geral da Presidência. Porém, o secretário afirma que dificilmente Bolsonaro dá ouvidos a alguém, muito menos pede ajuda como fez ao procurar Temer.
Em conclusão, os líderes partidários mencionaram que uma atitude mais simples por parte de Bolsonaro teria sido a simples celebração do 7 de setembro. No entanto, a partir do momento em que decidiu discursar, a greve dos caminhoneiros não foi o único fator resultante desta iniciativa, muito menos o mais agravante.