Michel Temer (MDB), ex-presidente da República, descartou apoiar o também ex-chefe do Executivo, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no primeiro turno das eleições marcadas para outubro deste ano. Todavia, quando o assunto é o segundo turno, o político faz segredo.
“Isso, eu vou decidir na hora certa. O ex-presidente Lula fala em todo momento em ‘golpe’, que a reforma trabalhista foi coisa de escravocrata, que o teto de gastos prejudicou o país. Então, como eu vou dizer que eu vou apoiar alguém que quer destruir um legado positivo para o nosso país?”, questionou Michel Temer.
A declaração do ex-presidente foi feita durante uma entrevista concedida ao portal “UOL”. Na ocasião, ele ainda falou sobre a terceira via, um grupo criado com o propósito de acabar com a polarização entre Lula e Bolsonaro – juntos, os dois políticos somam mais de 70% das intenções de votos, segundo os números do instituto DataFolha.
Para ele, que tem se movimentado para fazer com que Simone Tebet (MDB), representante da terceira via e de seu partido, desista da ideia de concorrer à presidência, os candidatos abandonaram a ideia de uma cúpula que tente acabar com a polarização. “Eu detectei ao longo do tempo que os candidatos abandonaram a ideia da terceira via”, disse Michel Temer.
Apesar disso, ele voltou a falar que é cedo para decidir quem o seu partido irá apoiar nas eleições caso a representante do MDB fique, de fato, fora da disputa. “Nós temos muito tempo pela frente, são quase 70 dias para as eleições, é difícil saber o que vai acontecer. Há muitos fatores. O mais prudente é aguardar a proximidade dos dias que antecedem a data da eleição”, afirmou Michel Temer.
Temer diz que facada ajudou Bolsonaro
Durante a entrevista, Michel Temer também falou sobre o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL). Para ele, o ataque que Bolsonaro sofreu às vésperas da eleição colaborou para que ele fosse eleito.
“A apunhalada que recebeu o atual presidente ajudou sua candidatura. Aquilo fez com que ele ocupasse espaço na imprensa que talvez não ocupasse na campanha normal. Ele tinha pouco tempo de televisão e de comunicação, e aquilo fez com que ele não saísse do noticiário durante vários meses”, disse Michel Temer.
Bolsonaro recebeu uma facada na altura da barriga enquanto fazia campanha em Juiz de Fora, Minas Gerais. O presidente quase perdeu a vida na ocasião e, desde então, precisou passar por quatro cirurgias devido ao ataque, feito por Adélio Bispo, que hoje se encontra internado porque foi considerado inimputável, pois laudos mostraram que ele sofre de problemas mentais.
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