O Tribunal de Contas da União (TCU) realizou um relatório onde foram apontadas divergências entre as declarações de Sergio Moro (Podemos) sobre seu trabalho na consultoria Alvarez & Marsal e documentos apresentados da empresa.
Ambos os documentos foram enviados pelo próprio ex-ministro, que teve como objetivo defender sua atividade na iniciativa privada, onde, segundo o ex-juiz, ele recebeu R$ 3,7 milhões em um ano.
De acordo com a jornalista Monica Bergamo, do jornal “Folha do S.Paulo”, nesta sexta-feira (18), Sergio Moro afirmou que jamais trabalhou em setores ligados à construtora Odebrecht ou em outra companhia investigada na Lava Jato, operação que ele fez parte, afirmando, dessa forma, que não houve nenhum conflito de interesse.
Conforme aponta o TCU, Sergio Moro foi contratado, em um primeiro momento, pela Alvarez & Marsal Disputas e Investigações Ltda para cuidar da área de compliance. Depois, ele se juntou à Alvarez & Marsal Disputes & Investigations Inc, nos Estados Unidos.
Em uma live realizada com o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), Sergio Moro compartilhou uma nota fiscal mostrando como tomadora de serviços, a filial brasileira Alvarez & Marsal Consultoria Em Engenharia Ltda.
Para o TCU, informou Monica Bergamo, isso reforçaria que, diferentemente do que disse o ex-juiz e a empresa, não havia uma divisão drástica na empresa entre os setores que fosse suficiente para não ocasionar um conflito de interesses.
Por conta disso, agora, o Tribunal de Contas pretende aprofundar a investigação sobre a atuação de Sergio Moro na consultoria. Isso porque hoje, o ex-ministro é investigado por ter supostamente cometido uma prática conhecida no mundo jurídico como revolving door.
Essa prática é registrada quando um agente público migra para o setor privado na mesma área de atuação e repassa informações privilegiadas que podem beneficiar os clientes dessa organização.
Além disso, as investigações, lideradas pelo Ministério Público Federal (MPF) junto ao TCU, investigam a prática do chamado lawfare, que seria a utilização, de forma estratégica, do sistema jurídico para se beneficiar.
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