Nesta segunda-feira (05), o governador eleito de São Paulo e ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que nunca foi um “bolsonarista raiz” e que também não deseja entrar em uma “guerra ideológica” durante seu governo. Tarcísio esteve com Bolsonaro durante a campanha presidencial na busca por votos tanto para ele quanto para o futuro ex-presidente.
“Eu nunca fui bolsonarista raiz. Comungo das ideias econômicas, principalmente, desse governo Bolsonaro. A valorização da livre iniciativa, os estímulos ao empreendedorismo, a busca do capital privado, a visão liberal”, afirmou Tarcísio durante entrevista concedida à CNN Brasil. “Sou cristão, contra aborto, contra liberação de drogas, mas não vou entrar em guerra ideológica e cultural”, afirmou o futuro governador de São Paulo.
Tarcísio também defendeu a pacificação do país, se dizendo contrariado com as críticas que tem recebido até mesmo por bolsonaristas. O governador eleito citou a crítica que recebeu por ter se sentado ao lado do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, que, de acordo com o próprio governador eleito, é “preparadíssimo e razoável”.
“Depois, tinha um evento em que teve um jantar com ministros do STF, STJ, TSE, TCU. E, na divisão das mesas, me botaram ao lado do ministro Barroso. Queriam que eu me levantasse e saísse? Sou governador eleito de São Paulo. Vou conversar com ministros do STF”, afirmou.
Inclusive, o futuro governador tratou como “erro” o tensionamento que ocorreu da gestão Bolsonaro com o Judiciário. “Não vou fazer o que erramos no governo federal de tensionar com Poderes. Vamos conversar com ministros do STF”, disse Tarcísio.
Tarcísio diz que Brasil precisa “pacificar”
O governador eleito de São Paulo fez uma crítica a atual polarização existente no país. Segundo ele, o Brasil precisa “pacificar”. O cenário político desde antes das eleições é de bastante tensão, envolvendo violência política e diversos protestos de teor antidemocrático em diversos estados.
“Nunca fui político. Não tenho paixão pelo cargo. Eu fico assustado porque as pessoas me param na rua para tirar, dizem que votaram em mim, pedem que eu não as decepcione. O Brasil está muito tenso e dividido. Precisa pacificar. Outro dia morreu o Fleury (ex-governador). Eu coloco lá uma mensagem nas redes sociais para confortar a família. Trata-se de um ex-governador do estado que eu vou governar e recebo críticas”, disse Tarcísio.
A primeira leva de secretários nomeados por Tarcísio para um futuro governo paulista demonstrou que o governador eleito preferiu optar por um “bolsonarismo light”. Os nomes escolhidos têm mais influência de Gilberto Kassab (PSD), futuro secretário do governo, do que de Bolsonaro.
Inclusive, durante a entrevista, Tarcísio disse que existe a “necessidade” de Jair Bolsonaro “sair do casulo”, apontando que ele próprio fez questão de se afastar da ala mais radical dos apoiadores de Bolsonaro, que continuam a questionar o resultado das eleições, bem como a fazer protestos antidemocráticos.
“Tenho falado muito da necessidade de ele sair do casulo, de se posicionar como liderança de centro-direita, de atuar na sucessão da Mesa (da Câmara dos Deputados) e fazer uma oposição responsável e ser voz crítica”, afirmou Tarcísio.