Para o governador do Rio Grande do Sul e pré-candidato à presidência pelo PSDB, Eduardo Leite, a aprovação do furo do teto de gastos orçamentários do governo para 2022 é “tão eficaz quanto a cloroquina”, um medicamento que, de acordo com a ciência, não tem efeito algum no tratamento da Covid-19.
O comentário de Eduardo Leite foi feito após o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) ter apresentado a matéria, que foi aprovada por 23 a 11 pela Comissão Especial da Câmara e agora segue para votação no plenário da Casa.
Caso for aprovada, a proposta abrirá espaço para que o governo gaste R$ 83 bilhões a mais de 2022. De acordo com o projeto, esse valor seria necessário para bancar, até o final de 2022, o Auxílio Brasil, benefício de R$ 400 que substituirá o Bolsa Família. O benefício é visto como fundamental na busca de Jair Bolsonaro (sem partido) em busca de sua reeleição.
Todavia, na visão de Eduardo Leite, a medida de driblar os limites financeiros do país está colocando o Brasil em uma outra pandemia, a econômica. Nesse sentido, ele afirma que “furar o teto é tão ineficaz quando a cloroquina” e que a inflação não é uma “gripezinha”, fazendo alusão ao termo usado por Bolsonaro ao falar da Covid-19.
“A inflação não é uma gripezinha. Furar o teto é tão eficaz quanto a cloroquina. Os pobres sofrerão mais. Dólar subindo, inflação em alta, pressão na curva de juros e perspectivas até de recessão para 2022. Estão lançando o Brasil na pandemia econômica”, disse.
A declaração do governador foi feita em um vídeo publicado por ele em seu “Twitter”. Na gravação, ele ainda afirmou que, hoje, o país está assistindo ao “populismo e irresponsabilidade fiscal” com a inflação.
Na visão do tucano, há sim a necessidade de ajudar as pessoas mais pobres no Brasil, mas de uma maneira organizada. “De forma estarrecida a gente acompanha as medidas que o governo federal apresenta para, no ano da eleição, colocar dinheiro nas mãos dos pobres sem fazer as escolhas de onde tirar esse dinheiro, simplesmente pedindo licença para furar o teto de gastos”, disse.
“Governar é fazer escolhas. É claro que a gente precisa colocar dinheiro nas mãos dos pobres. No Rio Grande do Sul a gente está fazendo isso, mas depois de fazer reformas que foram importantes”, completou o político.
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