O aumento frequente no preço da gasolina tem causado cada vez mais impacto no bolso dos trabalhadores. Encher o tanque de gasolina se tornou uma prática distante, isso porque, ela seria responsável por comprometer até 22% do salário mínimo do motorista, que hoje é de R$ 1.100.
Vale destacar que este percentual foi obtido com base nos cálculos considerando um tanque de 35 litros. Hoje, os brasileiros precisam arcar com um custo médio de R$ 251,65 nos postos de combustíveis. Para se ter uma noção melhor sobre o atual cenário, apenas neste ano, a gasolina já acumula uma alta de 74% nas refinarias.
O último reajuste oficial foi anunciado pela Petrobras no dia 8 de novembro e já está em vigor. Desta forma, o preço médio do litro da gasolina nas bombas de todo o Brasil já chegou a R$ 7. Os dados foram obtidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), com base no período de 7 a 13 de novembro.
Até agora, o estado do Rio de Janeiro (RJ) é o que tem a gasolina mais cara do país, cujo valor do litro chega a R$ 7,99. Na sequência está o Distrito Federal (DF), cobrando R$ 7,21. Em contrapartida, o preço mais barato do combustível se encontra no Amapá, a R$ 5,91.
Mesmo com o congelamento oficial do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) incidente sobre os combustíveis, o preço da gasolina continua aumentando. A decisão sobre manter os valores inalterados foi tomada pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que prevê a manutenção desta determinação entre 1º de novembro de 2021 a 31 de janeiro de 2022.
A ação tem o objetivo de auxiliar na manutenção dos preços vigentes, mas ao que tudo indica, de nada tem adiantado. De acordo com o consultor na área de Petróleo e Gás, Bruno Iughetti, as altas recentes ocorrem em virtude do aumento de 8% no etanol anidro, químico misturado na gasolina na proporção de 27%.
Considerando essa fórmula, a cotação da gasolina equivale a 16,3% do preço total. E não para por aí, o consultor afirma que até o final deste ano novos aumentos devem acontecer, mas dependerão da variação do preço do petróleo no mercado internacional e do comportamento do câmbio.
“Bom lembrar que o término do congelamento do ICMS, caso não seja renovado, ensejará um impacto de alta no preço da gasolina em virtude do preço de pauta [média dos preços nas bombas] a ser utilizado para efeito de cálculo”, ponderou Bruno Iughetti.
Nota-se que, apesar do congelamento do ICMS ter o poder de amortecer parcialmente eventuais solavancos nos preços, a medida possui efeito limitado. No final, os reajustes da Petrobras, a influência do mercado internacional e a desvalorização do real têm um impacto ainda maior no preço final.