A tangerina, fruta conhecida por possuir diferentes nomes, ser fácil de descascar e contar com um cheiro exclusivo, está no topo quando o assunto é a inflação acumulada. De acordo com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no acumulado de 12 meses até junho, os preços da fruta acumularam uma alta de 52,5%.
A tangerina compões uma lista de 377 bens e serviços que fazem parte do IPCA, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além da fruta, estão no ranking dos sub subitens com maior ata:
- Inhame (46,95%);
- Filhote de peixe (40,79%);
- Farinha de mandioca (34,93%);
- Banana-maçã (32,62%);
- Batata-doce (29,6%);
- Melancia (24,9%);
- E alimento infantil (23,27%).
Apesar desses aumentos, na média, foi registrado uma desaceleração na inflação dos alimentos de 2,88% nos 12 meses até junho. Essa é a menor variação desde outubro de 2019 (2,84%).
De acordo com Antonio Carlos Simonetti, conselheiro da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), a alta, a maior desde maio de 2019 no IPCA, quando o acumulado de 12 meses chegou a 59,36%, acontece por conta de uma série de fatores, como o excesso de chuva em regiões produtoras do Sul e do Sudeste que “lavou” o adubo de plantações.
Segundo o conselheiro, também foram registradas perdas por conta de um fungo beneficiado pela umidade e da doença de greening, comum na citricultura. “O aumento de preços é consequência de todas essas questões”, relatou ele.
Em geral, o maior volume de colheita da tangerina costuma ocorrer de maio a agosto, mas, neste ano, o período deve se estender, informou Antonio Simonetti, relatando ainda que foram registrados problemas na produção da fruta no interior de São Paulo, em Minas Gerais, no Paraná e no Rio Grande do Sul.
“Soma-se a isso o custo, que subiu muito nos últimos 12 meses. Insumos agrícolas derivados de petróleo encareceram, como defensivos, agrotóxicos, e tudo isso pressionou o custo da produção”, disse ele durante entrevista ao canal “CNN Brasil”.
À mesma emissora, André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), relatou que o cenário, no entanto, já se alterou com as recentes baixas nos preços do diesel e do petróleo, e a fruta não deve registrar o mesmo tipo de alta nos próximos 12 meses.
“Também houve uma situação climática atípica, com chuva de granizo no fim do ano passado que comprometeu parte dos pomares e impactou a oferta deste ano, elevando os preços”, relatou o economista.
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