Um dia após afirmar que não sabia o “porquê de as pessoas terem medo do Talibã”, o grupo extremista foi às ruas de Jalalabad, no Afeganistão, e reprimiu violentamente uma manifestação que acontecia na cidade nesta quarta-feira (18).
De acordo com as informações do jornal americano “New York Times”, membros do Talibã efetuaram disparos e bateram nas centenas de pessoas que faziam um protesto no local. Por conta da repressão, ao menos três pessoas acabaram mortas e outras 12 ficaram feridas.
Ainda conforme o jornal dos Estados Unidos, as manifestações tiveram início porque, por conta própria, o Talibã tirou a bandeira do Afeganistão de um monumento no centro de Jalalabad. No lugar, o grupo colocou sua própria bandeira.
Insatisfeitos com a mudança, os manifestantes tomaram a principal rua da cidade e, carregando a bandeira do Afeganistão, assoviavam e gritavam. Ao chegar no local, os membros do Talibã passaram a atirar para o alto, em uma tentativa de dispersar a multidão.
No entanto, nem mesmo os disparos foram suficientes para que os manifestantes parassem com o protesto. Com isso, os integrantes do grupo extremista passaram a agredir as pessoas que participavam do movimento, o que culminou nas mortes e feridos.
Além da manifestação em Kalalabad, uma outra manifestação foi registrada na cidade de Khost, localizada no Sul do país. Até o momento, não existem informações se o movimento também terminou em mortos ou feridos.
Talibã começa a fazer o contrário do que disse
Assim como publicou o Brasil123, membros do Talibã tentaram adotar um discurso de que a ocupação no Afeganistão seria diferente da registrada entre os anos de 1996 e 2001. À época, cenas de violência e repressão eram comuns no país asiático.
Todavia, os relatos desta quarta-feira (18) mostram que a tentativa dos líderes do grupo, que buscam passar a imagem de que são mais moderados do que seus antecessores, pode ser apenas um discurso bonito que, na prática, está longe de ser verdadeiro.
“Não queremos que o Afeganistão seja um campo de batalha”, disse Zabihullah Mujahid, um porta-voz do grupo, em uma entrevista coletiva na terça-feira (17), ou seja, um dia antes da repressão registrada em Kalalabad no dia de hoje.
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