Menos de uma semana após tomar o Afeganistão, o Talibã anunciou que o país terá um novo nome: Emirado Islâmico do Afeganistão. A nomenclatura utilizada é a mesma adotada pelo grupo extremista entre os anos de 1996 e 2001, período que a organização deteve o poder da região.
Coube ao porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, dar a notícia da mudança. Curiosamente, esta é a mesma pessoa que, há dois dias, concedeu uma entrevista coletiva afirmando que o Talibã adotaria atitudes moderadas. Durante a entrevista, o porta-voz até chegou a questionar o porquê de as pessoas terem tanto medo do Talibã.
Além de Zabihullah Mujahid, outro a se pronunciar sobre as atitudes do Talibã daqui para frente foi Waheedullah Hashimi, considerado um dos comandantes mais influentes do grupo. Assim como publicou o Brasil123 mais cedo, ele afirmou que as leis no país devem ser semelhantes às que existiam em 1996.
Em outro momento, ele também disse que não existe a possibilidade de o país adotar um regime democrático para a escolha de seus líderes. Com isso, a tendência é que o Afeganistão seja comandado por um conselho, que observará, em sua forma literal, a sharia, a lei islâmica.
“Não haverá nada como um sistema democrático porque isso não tem nenhuma base no nosso país, nós não vamos discutir qual será o tipo de sistema político que vamos aplicar no Afeganistão porque isso é claro: a lei é sharia, e é isso”, afirmou Hashimi.
Dia da Independência do Afeganistão
Ironicamente, nesta quinta-feira (19), dia em que o Talibã resolveu mudar o nome do país, comemora-se a Independência do Afeganistão. Em várias regiões houve protestos, que foram rapidamente repelidos pelo grupo, que reagiu com violência aos primeiros sinais de resistência à sua tomada de poder.
De acordo com o jornal “The New York Times”, foram registradas manifestações em Cabul, capital do país, e em outras cidades como Jalalabad, Asadabad e no distrito da província de Paktia. Ainda conforme o jornal americano, há relatos de mortes em Asadabad e tiros em Cabul, locais onde o Talibã dispersou os protestos com violência.
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