Nesta terça-feira (21), o vereador Eduardo Suplicy (PT-SP) foi protagonista de uma cena que gerou bastante constrangimento no evento de lançamento das diretrizes do programa do governo da chapa Lula-Alckmin. De acordo com o vereador, ele não foi convidado para o evento e também reclamou que a proposta de renda básica de cidadania, formulada por ele, não havia sido incluída na documentação que foi apresentada em São Paulo.
Na situação, o vereador petista interrompeu a fala do ex-senador Aloízio Mercadante (PT), atual presidente da Fundação Perseu Abramo, que também é um dos coordenadores da campanha.
“A proposta não foi considerada, infelizmente, entregue por e-mail há dez dias e não foi considerada ainda, aprovada por todos os partidos e sancionada pelo presidente Lula. Está no programa do PT há anos. Ele [Mercadante] tem alguma coisa comigo, não me convidou para a reunião! Mas hoje estou aqui”, disse Suplicy.
Durante sua fala, Suplicy afirmou que irá trabalhar para que Lula institua a renda básica. “Continuarei trabalhando muito para que Lula e Alckmin instituam a renda básica de cidadania enquanto eu estiver vivo ainda”, afirmou Eduardo Suplicy, tendo sido aplaudido por Alckmin.
Mercadante respondeu que não teve como acompanhar o convite de todas as pessoas, afirmando que “não era minha função”. O ex-senador também disse que ainda haverá uma outra oportunidade de conversar sobre a proposta. “Em relação às propostas, hoje é o início de um processo, você vai ter chance de discutir. Mas, para entrar no plano de governo, nós vamos ter que ter um debate aprofundado”, disse Mercadante.
Proposta de renda básica de Suplicy
Bastante comentado desde o início da pandemia, o projeto de renda básica é uma proposta de Eduardo Suplicy que chegou a virar lei em 2004, ainda no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Contudo, a lei nunca foi de fato implementada por Lula.
De acordo com a lei, está previsto que cidadãos brasileiros e estrangeiros, residentes há pelo menos cinco anos no país, recebem de forma anual, um benefício monetário, independente de sua condição socioeconômica.
“O pagamento do benefício deverá ser de igual valor para todos, e suficiente para atender às despesas mínimas de cada pessoa com alimentação, educação e saúde, considerando para isso o grau de desenvolvimento do País e as possibilidades orçamentárias”, conforme texto descrito na lei 10.935/2004.
Mesmo tendo deixado o senado em 2014, após 24 anos de mandato, Suplicy disse que continuaria a defender o projeto. “Onde eu estiver, continuarei a batalha pela renda básica da cidadania. Eu estou no aguardo da Presidenta Dilma, para que ela possa criar um grupo de trabalho para estudar quais serão as etapas da transição do Programa Bolsa Família”, afirmou Suplicy na época.
Invasão durante o evento
No fim do evento, um homem invadiu o local se dirigindo ao ex-presidente Lula aos gritos. Contudo, ele foi retirado rapidamente pela segurança local, não chegando a interromper as falas do ex-presidente.
De acordo com Mercadante, o invasor “fez uma provocação, mas não teve nenhuma eficiência”. “Depois ele se retirou e nós pedimos para que a assessoria jurídica o acompanhasse para garantir que não houvesse nenhuma agressão, nada que pudesse utilizar. Foi um incidente que aconteceu que só reforça a necessidade de termos mais cuidado com a segurança”, afirmou Mercadante.