O Supremo Tribunal Federal (STF) decretou nesta quinta-feira (30) que o inquérito que apura uma suposta interferência do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), na investigação de corrupção no Ministério da Educação (MEC), seja mantida em sigilo.
De acordo com o tribunal, nos próximos dias, a ministra Cármen Lúcia, que é relatora, deve pedir para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste sobre o caso, que chegou ao STF depois que tanto a Polícia Federal (PF) quanto o Ministério Público Federal (MPF) apontaram indícios de que Bolsonaro possa ter atuado para atrapalhar as investigações.
De acordo com o Ministério Público Federal, constatou-se indícios de que Bolsonaro teria alertado o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, que ele poderia ser alvo de uma operação da Polícia Federal. Como o caso tem Bolsonaro entre os alvos e o presidente tem foro privilegiado, cabe ao STF analisar o caso e, depois disso, decidir se o tema deve seguir no tribunal ou ser devolvido para a primeira instância.
Suposta interferência na PF
Assim como publicou o Brasil123, o ex-ministro já “estava sabendo” que seria alvo da operação da Polícia Federal (PF), deflagrada na quarta-feira (22) passada. A afirmação foi feita pela esposa do ex-chefe da pasta, Myrian Ribeiro, e veio à tona por conta de uma interceptação da Polícia Federal (PF).
“Ele não queria acreditar, mas ele estava sabendo”, afirmou a mulher ao comentar a prisão do marido. De acordo com ela, essa ciência aconteceu devido a informações vindas do alto escalão. “Para ter rumores do alto é porque o negócio já estava certo”, afirmou ela em uma ligação telefônica interceptada pela PF.
Outra conversa interceptada pela Polícia Federal teve como personagens Milton Ribeiro e uma de suas filhas. Na ocasião, ele disse que a pessoa do alto escalação que havia passado a informação de que uma operação poderia acontecer em breve era o presidente da República, Jair Bolsonaro.
Segundo o ex-ministro, Bolsonaro ligou e disse a ele que estava com um “pressentimento” de que pudessem atingi-lo por meio do ex-ministro. “Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa, sabe? Bom, isso pode acontecer, se houver indícios, mas não há porquê” disse o ex-ministro.
Por conta do suposto vazamento de informações, na sexta, o MPF pediu que a investigação sobre Milton Ribeiro seja enviada ao STF. Para o órgão, as interceptações telefônicas mostram que o chefe do Executivo pode ter interferido de forma ilícita nas diligências.
Milton Ribeiro foi preso porque é suspeito de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência. As investigações sobre esses eventuais crimes começaram após um áudio divulgado pelo jornal “Folha de S.Paulo” revelar um suposto esquema de propina no Ministério da Educação.