Sonia Guajajara, primeira ministra dos povos indígenas do país, assume o ministério dos povos indígenas nesta quarta-feira (11). Guajajara afirmou que o seu comando no ministério não é simbólico, mas “é parte da reparação histórica pela invisibilidade, pela negação de direitos”.
Quem é Sonia Guajajara?
Sonia nasceu em 1974 de pais analfabetos e saiu de casa para trabalhar aos 10 anos. Graduada em Letras e Enfermagem pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Sonia Guajajara foi a primeira deputada federal indígena eleita pelo Estado de São Paulo, filiada ao PSOL, recebendo 156.966 votos. Guajajara foi a primeira indígena eleita pelo Estado e também foi candidata à vice-presidência na candidatura de Guilherme Boulos, em 2018.
Além disso, a ministra dos povos indígenas é defensora do meio ambiente como uma de suas pautas políticas prioritárias, realizando diversas denúncias a órgãos internacionais, como a Conferências Mundiais do Clima (COP) e ao Parlamento Europeu, em relação às dificuldades que o Brasil enfrenta sobre o tema. Em novembro, Guajajara participou da COP-27 no Egito, juntamente com representantes de grupos ambientalistas Marina Silva e Izabella Teixeira e outras lideranças indígenas, e pediu a criação de um ministério dos povos indígenas e maior participação dos povos indígenas no governo.
Fala de Sonia Guajajara durante a posse
Durante seu discurso de posse, a líder indígena afirmou que sua nomeação faz parte da reparação histórica em relação à invisibilidade e a negação de direitos para com os povos indígenas. “Nós, povos indígenas, estávamos como inimigo número 1 de Bolsonaro e agora estamos no protagonismo da história e da centralidade do debate político”, afirmou. “A criação desse ministério é uma forma de mostrar a valorização e o reconhecimento de como a gente contribui para o planeta, através do nosso modo de vida, da proteção da biodiversidade, da relação com a natureza”, complementou.
Planos do novo ministério
A ministra dos povos indígenas visa formar um ministério com uma equipe mista que inclua aborígines e não aborígines de todas as regiões. Uma das grandes mudanças será a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), que será transferida do Ministério da Justiça para sua pasta. Além disso, treze demarcações serão encaminhadas à Casa Civil para assinatura do presidente Lula em seus primeiros 100 dias de governo. Esforços também estão em andamento para criar um Fundo do Bioma Indígena para alavancar recursos internacionais para apoiar causas indígenas.
O objetivo de Sonia Guajajara é criar um movimento indígena que faça os invasores se retirarem do território.
Visão sobre o garimpo
Segundo Guajajara, a mineração é uma tragédia. “A mineração tem causado muitos impactos nos territórios indígenas, nos ambientes e na vida das pessoas. No movimento aborígine, sempre nos opusemos à legalização da mineração porque sabemos que ela tem um impacto negativo direto na vida dos aborígines. Mais doenças vieram, alcoolismo, poluição por mercúrio”, afirmou. “Vem a subnutrição, porque o garimpo acaba destruindo o meio ambiente e as pessoas não conseguem mais ter aquilo que comiam tirando da natureza, como é o caso do território Yanomami”, complementou Sonia Guajajara.