Um porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos criticou o conteúdo do encontro entre Jair Bolsonaro (PL) e o presidente da Rússia, Vladimir Putin. De acordo com esse membro do governo americano, a declaração de solidariedade do chefe do Executivo “não poderia ter vindo em um momento pior”.
Guerra entre Rússia e Ucrânia não convém a ninguém, diz Bolsonaro
“O momento em que o presidente do Brasil se solidarizou com a Rússia, enquanto as forças russas estão se preparando para potencialmente lançar ataques a cidades ucranianas, não poderia ter sido pior”, afirmou esse porta-voz na noite desta quinta-feira à Globo News.
De acordo com essa fonte, que não teve seu nome revelado, a atitude do presidente brasileiro “mina a diplomacia internacional destinada a evitar um desastre estratégico e humanitário, bem como os próprios apelos do Brasil por uma solução pacífica para a crise”.
Na quarta-feira (16), Bolsonaro disse, enquanto estava ao lado do presidente da Rússia, que o líder do país do Leste Europeu “busca a paz”. “Somos solidários a todos aqueles países que querem e se empenham pela paz”, disse o presidente.
Em outro momento, ele disse que não teme reação por conta do encontro com o líder russo, afirmando ainda que o “Brasil é um país soberano”. “Tivemos informações de que alguns países não gostariam que a reunião entre mim e Putin se realizasse, que o pior poderia acontecer com nossa presença aqui. Entendo a leitura do presidente Putin, que ele é uma pessoa que busca a paz. E qualquer conflito não interessa a ninguém no mundo”, disse o chefe do Executivo.
A fala de Bolsonaro é uma clara referência aos Estados Unidos. Isso porque, desde que a tensão entre Rússia e Ucrânia cresceu e o presidente anunciou que iria visitar o chefe do Executivo russo, membros do governo americano afirmaram que uma foto de Bolsonaro com Putin poderia passar uma imagem errada para o mundo, sem pedir, em nenhum momento, que a viagem fosse cancelada.
De acordo com a “Globo News”, o secretário de estado dos EUA, Antony Blinken, em conversa com Carlos França, ministro das Relações Exteriores do Brasil, Carlos França, ressaltou que “o presidente brasileiro é livre para conduzir sua própria diplomacia, inclusive com a Rússia”.
No entanto, ele aproveitou para pedir que Bolsonaro entregasse uma mensagem de princípios para Putin, fazendo-o entender sobre a importância de seguir o caminho diplomático, diminuindo as tensões na região e, sobretudo, respeitar a soberania e a integridade territorial da Ucrânia.
Nesta quinta, o porta-voz ressaltou que os Estados Unidos não estão pedindo para que o Brasil escolha entre Rússia e o país americano. Segundo essa fonte, hoje, “a questão é que o Brasil, como um país importante, parece ignorar a agressão armada por uma grande potência contra um vizinho menor, uma postura inconsistente com sua ênfase histórica na paz e na diplomacia”.
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