Simone Tebet (MDB), ministra do Planejamento, criticou nesta sexta-feira (14) a taxa de juros do Brasil, que desde o ano passado está em 13,75%, maior percentual da série histórica. De acordo com a chefe da pasta, que deu a declaração após o lançamento do programa Desenrola, a taxa atual pode ser apontada como a grande causa do endividamento das famílias brasileiras.
Programa do governo vai limpar o nome de 1,5 milhão de pessoas
“Não adianta fazer o ‘Desenrola’, aliviarmos a vida das pessoas e apresentar um programa eficiente sob todos os aspectos, com juros de 13,75%. O Brasil não comporta um Desenrola por ano. Nós precisamos de espaço fiscal para investir naquilo que verdadeiramente precisamos, como Saúde, Educação, obras de infraestrutura e tudo mais”, disse ela.
Assim como publicou o Brasil123, o desenrola, criado pelo governo federal para a renegociação de dívidas, começará a valer na próxima segunda-feira (17) – por enquanto, a renegociação vale apenas para a faixa 2 do programa, para pessoas com renda mensal de até R$ 20 mil.
De acordo com Simone Tebet, programas são feitos de tempos em tempos dentro de uma determinada realidade. “Ficarmos todos os anos abarcando essas pessoas e essa famílias porque não estamos conseguindo baixar os juros, que é a verdadeira causa, dentro de outras coisas, do endividamento das famílias brasileiras. Aí não tem razão”, disse ela.
Além de anunciar o programa, o governo federal também anunciou que, a partir desta segunda, os maiores bancos do país terão que “limpar o nome” de até 1,5 milhão de correntistas que estão com dívidas que são inferiores a R$ 100. Segundo o governo, a expectativa é que sejam renegociados, neste primeiro momento, até R$ 50 bilhões de 30 milhões de brasileiros – os montantes serão parcelados em ao menos 12 meses, sendo que, de acordo com as informações, o programa tem o potencial de atingir 70 milhões de inadimplentes, ou seja, cerca de 40% da população adulta do País.
Conforme a portaria publicada nesta sexta, poderão ser negociadas apenas aquelas dívidas negativadas até dezembro do ano passado. O governo federal explicou que essa delimitação tem como objetivo não estimular a inadimplência futura – não suficiente, também não podem participar do programa aqueles débitos que têm garantias reais, como crédito imobiliário e de veículos.
Um detalhe importante é que, nessa primeira fase, o Desenrola não vai contar com garantias do Tesouro Nacional, ou seja, dinheiro público. Isso acontece porque esses recursos serão reservados para a segunda etapa da ação, que começará em setembro e terá como foco a baixa renda.
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