O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, é aguardado nesta terça-feira (20), a partir das 9h, para prestar o primeiro depoimento da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro. Ele será ouvido na condição de testemunha, tendo seu requerimento sido apresentado pela relatora do colegiado, a senadora Eliziane Gama (PSD). O conteúdo do requerimento indica que a relatora pretende ouvir explicar explicações sobre as blitz que aconteceram durante a realização do segundo turno das eleições de 2022.
Foi noticiado, na época, que a PRF estaria interceptando o transporte público em locais em redutos eleitorais de Lula, concorrente de Jair Bolsonaro nas eleições, dificultando a chegada dos eleitores nos locais de votação. No mesmo dia, Silvinei Vasques foi intimado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a interromper “imediatamente” as operações da corporação relacionadas ao transporte público dos eleitores.
Silvinei Vasques vem sendo investigado por improbidade administrativa devido a uma acusação de solicitação de votos através de suas redes sociais para o então presidente, Jair Bolsonaro. O ex-diretor da PRF se aposentou ao final do ano passado, tendo ocupado o cargo desde abril de 2021. Um outro objetivo é identificar se Silvinei Vasques também possui relação com os atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
Além de Silvinei Vasques, CPMI deve focar discussão em Marcos do Val
Um dos principais focos da discussão desta terça na CPMI deve ser o caso envolvendo o senador Marcos do Val (Podemos). Na última quinta-feira, ele foi alvo de operações de busca e apreensão da Polícia Federal em seu gabinete, no Senado e também em suas residências em Brasília e Vitória. Ele também vem sendo investigado por outros crimes, sendo dois deles o de golpe de Estado e de divulgação de documentos sigilosos.
“Acho que é muito temerária a continuidade do Marcos do Val na CPMI. Tem contra ele a investigação e isso cria uma instabilidade muito grande. Vários colegas apresentaram questões de ordem nesse sentido”, disse Eliziane Gama, relatora da CPMI, em entrevista concedida ao Correio publicada no domingo.
Comissão votará requerimentos para convocar pessoas de interesse para a investigação
A CPMI deverá ter votação de alguns outros requerimentos, como o da convocação do coronel Jean Lawand Júnior, que trocou mensagens de cunho golpista com o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. Dados de celular mostraram conversas entre os dois militares, indicando uma suposta preparação de um golpe de Estado após Jair Bolsonaro ter sido derrotado para Lula nas eleições.
Além disso, a CPMI deverá votar um novo requerimento para convocar o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Lula, o general Gonçalves Dias. Na última semana, a comissão havia aprovado a ida do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres e de Mauro Cid, mas havia rejeitado a convocação de Gonçalves Dias. O ex-ministro do GSI voltou a ser pauta de votação após novo requerimento do senador Sérgio Moro (União) ter sido protocolado.