Nesta última quinta-feira (20), a Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminas), pertencente ao presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, anunciou a assinatura de um memorando de entendimento com a empresa de fast fashion chinesa, Shein. O acordo foi realizado após anúncio por parte da chinesa em investir R$750 milhões no Brasil, buscando fazer com que as vendas locais sejam abastecidas por produção também local.
Nesse sentido, o documento de memorando prevê que 2 mil dos clientes confeccionistas da Coteminas passem a também serem fornecedores da chinesa Shein. Além disso, o memorando também prevê o financiamento para capital de trabalho e contratos de exportação de produtos para o lar.
A Shein ganhou bastante espaço no mercado nacional nos últimos anos. De acordo com informações dadas pelo BTG Pactual, estima-se que a companhia registrou aproximadamente R$8 bilhões em vendas no ano passado, um crescimento de 300% em comparação aos resultados estimados de 2021. No entanto, como se trata de uma estimativa, pode ser que os números sejam bem diferentes, dado que a empresa não fornece detalhes sobre suas operações no país.
Presidente da Fiesp intermediou entendimento do governo com Shein
De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o entendimento do governo federal com a Shein foi intermediado pelo presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, após a polêmica relacionada à sonegação de impostos nas compras em sites estrangeiros que vendem para o Brasil. O acordo com o governo federal beneficiou a empresa chinesa, dado que, devido sua grande popularidade com os brasileiros, gerou um problema ao governo federal após a polêmica da taxação.
Josué chegou a ser convidado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, contudo, acabou recusando devido a uma crise interna que ocorria na federação paulista, relacionada aos desdobramentos entre os dirigentes da indústria e a gestão de Josué, que iniciou em 2021.
Acordo deve trazer novas tecnologias para a indústria brasileira
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel, a parceria intermediada pela Coteminas entre os confeccionistas nacionais e a Shein deve trazer investimentos acompanhados de novas tecnologias e modelos de negócios para a produção local. Além disso, Pimentel também defendeu a taxação das plataformas de comércio eletrônico asiáticas.
Para o presidente da Abit, há “a necessidade de as plataformas pagarem os devidos impostos para internalizarem suas produções asiáticas em nosso território”. Edmundo Lima, diretor-executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex) também defendeu a aplicação das normas brasileiras. “A gente está colocando em risco todo o parque industrial brasileiro de produção de vestuário e calçado”, afirmou, completando que a situação pode aumentar o nível de desemprego no Brasil.
O acordo entre o governo federal e a Shein prevê o investimento de R$750 milhões e a criação de 100 mil empregos no Brasil. No entanto, também foi previsto no acordo que a Shein deverá cumprir com todas as normas brasileiras vigentes nas vendas de produtos realizadas para o Brasil.