Início de mês e mais uma campanha em prol da vida vem sendo enfatizada pelos órgãos de saúde, desta vez, o “Setembro Amarelo” visa à prevenção do suicídio, por meio de ações de conscientização e alerta em todo país.
De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) são registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de 01 milhão no mundo, inclusive, cerca de 96,8% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais como depressão e transtorno bipolar.
Neste ano de 2021 em meio à Pandemia, a taxa de suicídio se manteve estabilizada contrariando as expectativas de que as perturbações geradas pelo período agravassem o número de casos. Em países como a Austrália, o número de suicídios inclusive caiu.
Segundo especialistas em saúde mental, essa estabilização ou até baixa nos casos de suicídio durante a pandemia está relacionada com o instinto de sobrevivência. Isso porque uma pessoa que vive uma crise suicida quer por fim a um sofrimento intenso e não necessariamente morrer.
Diante disso, durante a pandemia, visto o risco de morte a que todos foram expostos, o instinto de sobrevivência de pessoas com tendência suicida é mobilizado para lutar contra o novo inimigo.
Ainda de acordo com estes profissionais da saúde, pacientes com tendência suicida durante a pandemia insistiram no tratamento online porque não queriam se expor ao vírus, a fim de preservarem-se do perigo iminente.
Doenças mentais na contramão!
Na contramão da estabilização dos casos de suicídio no país, o número de doenças mentais cresce potencialmente.
Dessa vez, o fato pode estar relacionado com a pandemia, já que as medidas restritivas, isolamento social, insegurança em relação ao vírus, inclusive, instabilidade econômica acabam motivando alguns transtornos mentais como a depressão e ansiedade, por exemplo.
Apesar da saúde mental do brasileiro piorar para 53% dos brasileiros, de acordo com uma pesquisa do instituto Ipsos encomendada pelo Fórum Econômico Mundial; este fator também não interferiu nos casos de suicídio.
Ainda de acordo com um estudo titulado como “ConVid Comportamentos”, realizado pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), em parceria com a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais); 40,4% dos entrevistados disseram ter sentimentos de tristeza ou depressão e 52,6% afirmaram experimentar sentimentos de nervosismo ou ansiedade durante a pandemia.
Prevenção ao suicídio
Apesar do tema ainda ser rodeado de tabus, o suicídio precisa ser conversado.
Visto que o ato é considerado multifatorial, trabalhar com sua prevenção pode até parecer difícil, entretanto, a solução depende de uma abordagem multissistêmica, desempenhada por diversos setores da sociedade.
Além disso, garantir informação sobre redes de apoio, atendimento da saúde e mais intervenções relacionadas à saúde mental acaba ensinando as pessoas a identificarem o que sentem e logo procurar ajuda.
Ainda segundo a ABP, cerca de 50% das pessoas que morreram por suicídio nunca se consultaram com um profissional de saúde mental ao longo da vida. O que aponta a importância desta intervenção na vida dos brasileiros.
Veja também: Musicoterapia: Atividade complementar vem sendo usada no tratamento de doenças mentais