Um levantamento revelado nesta sexta-feira (14) pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostrou que sete em cada dez, isto é, 74,1% das indústrias paulistas, afirmam que não planejam contratar novos empregados no segundo semestre deste ano.
CNI eleva projeção do PIB, mas prevê queda na indústria de transformação; veja os números
De acordo com os dados apresentados pela Fiesp, dessas empresas, 25,9% afirmam que pretendem fazer contratações na segunda metade do ano, sendo que a média de contratação esperada equivale a 10,3% do quadro total de funcionários.
Conforme o levantamento, o setor atribui a maior parte do pessimismo ao patamar elevado da Selic (os juros básicos) – atualmente, essa taxa está em 13,75% ao ano. Para as indústrias, esse percentual acaba inibindo os investimentos, dificultando a elevação da produção e postergando as contratações.
Ainda de acordo com o documento, mesmo com uma melhora no cenário econômico nos últimos meses por conta de avanços recentes da reforma tributária e na discussão do novo arcabouço fiscal, a indústria vê 2023 com preocupação. Nesse sentido, a Fiesp mostra que o setor vive a pior expectativa de um aumento de vendas no mercado interno desde 2018.
Apesar disso, o economista-chefe da Fiesp, Igor Rocha, ressalta que o mercado está mais otimista com o governo e a indústria sente o mesmo e que a pesquisa reflete, em partes, um momento em que os desafios fiscais, sobre a reforma tributária, ainda estavam mais presentes.
“Essa sensibilidade quanto ao ano não ser tão virtuoso é pelos juros. Os juros afetam mais a indústria, que não tem crédito subsidiado e paga a maior alíquota de impostos de toda a economia. O agronegócio tem o Plano Safra, a indústria tem dificuldade para conseguir crédito. Embora a gente possa avaliar que houve uma melhora das expectativas que deve ser traduzida na próxima pesquisa do fim do ano”, explica ele.
Em outro momento, Igor Rocha relata que a promessa de um plano para a indústria, nos moldes do Plano Safra, é algo que vem sendo mencionado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e que o setor vem conversando com o governo para que medidas para reverter a desindustrialização sejam tomadas.
“Podemos fazer uma transição para segmentos que formem uma nova onda de progresso a gente vai ser bem-sucedido. Na indústria automotiva, a gente pode colocar o Brasil com a descarbonização em uma rota. O mercado brasileiro pode ser uma forma de dar escala a esse mercado, construir uma ponte para competir internacionalmente”, diz o representante da Fiesp.
Leia também: VALORES A RECEBER: Ainda tem muita grana não resgatada; veja como sacar