O ex-ministro Sergio Moro, famoso por ter estado à frente da Operação Lava-Jato, à época em que era juiz federal, se filiou nesta quarta-feira (10) ao Podemos. O evento, que aconteceu em Brasília, é o marco que abre caminho para que ele anuncie sua pré-candidatura a presidente.
Hoje, Sergio Moro aparece como uma das apostas da chamada terceira via, que tem como objetivo diminuir a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Sergio Moro dizia que não iria entrar para a política
Sergio Moro, ao se filiar ao Podemos, vai de encontro com o que ele disse durante anos. O ex-juiz sempre afirmou que jamais entraria para a política. Todavia, hoje, ele faz parte da legenda, que tem como slogan “Por Um Brasil Justo Para Todos”.
O evento de anúncio, inclusive, já foi, de acordo com especialistas, uma tentativa de começar a trabalhar a imagem política que o ex-juiz tentou manter nos últimos anos, de inimigo da corrupção.
Durante a cerimônia, foi possível ver um auditório com faixas em destaques. Esses itens estavam estampados com dizeres como “segurança”, “educação”, “saúde”, “trabalho”, “sustentabilidade” e “comida no prato”.
Discurso ao ser filiado
Durante seu discurso, Sergio Moro relembrou os tempos em que foi ministro do governo Bolsonaro. Segundo ele, o convite foi aceito porque ele acreditava que aquele era um momento de mudança do país. No entanto, ele afirma ter sido boicotado pela gestão do atual chefe do Executivo.
“Quando aceitei o cargo, não o fiz por poder ou prestígio. Eu acreditava em uma missão. Queria combater a corrupção, mas, para isso, eu precisava do apoio do governo e esse apoio me foi negado”, afirma.
“Quando vi meu trabalho boicotado e quando foi quebrada a promessa de que o governo combateria a corrupção, sem proteger quem quer que seja, continuar como ministro seria apenas uma farsa. Nunca renunciarei aos meus princípios e ao compromisso com o povo brasileiro. Nenhum cargo vale a sua alma”, completou.
Ainda durante seu discurso, Sergio Moro disse que pode não ser o melhor falando, ressaltando até que muitos não gostam de sua voz. Todavia, afirma o ex-ministro, as pessoas podem confiar nele.
“Posso assegurar que sou alguém em que vocês podem confiar. […] Nossas únicas armas serão a verdade, a ciência e a justiça. Trataremos a todos com caridade e sem malícia. Respeitaremos aqueles que gostam e aqueles que não gostam de nós”, afirmou.
Relacionamento com a imprensa
Sergio Moro também citou a imprensa durante seu discurso, afirmando que irá respeitar a área, chamada por ele de “vigilante de malfeitos dos detentores de poder”. A fala do ex-ministro parece fazer alusão ao atual presidente, que desde que assumiu tem mantido um clima de guerra com a área da comunicação.
“Incluo aqui nessa atitude de respeito e generosidade, a imprensa. Chega de ofender ou intimidar jornalistas. Eles são essenciais para o bom funcionamento da democracia e agem como vigilantes de malfeitos dos detentores do poder”, disse.
Por fim, Sergio Moro ainda afirmou que a liberdade de imprensa deve ser ampla. “Jamais iremos estimular agressões. Jamais iremos propor o controle sobre a imprensa, social ou qualquer que seja o nome com que se queira disfarçar a censura e o controle do conteúdo. Isso vale para mim e para qualquer pessoa que queira nos apoiar”, finalizou.
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