Para o ex-ministro Sergio Moro (Podemos), caso as instituições públicas do Brasil passem a ter mais autonomia “muita coisa vai aparecer”. A afirmação, feita no início da tarde desta segunda-feira (14) durante uma entrevista ao programa “Pânico”, da “Jovem Pan”, foi referente a possíveis casos de corrupção no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) .
“Agora, a gente tem um governo que trouxe do lado dele gente envolvida em escândalo de corrupção do passado. Políticos fisiológicos, o ‘Centrão’, tem até o presidente do partido onde vai concorrer o Bolsonaro, o Valdemar da Costa Neto, que estava do lado do Lula, condenado no ‘Mensalão’”, começou o agora político e pré-candidato à presidência.
“Então assim, não tem esquema de corrupção? Quem está investigando? Quem está olhando isso, o PGR [Procurador Geral da República]? A Polícia Federal [PF], alguém está vendo isso?”, disse Sergio Moro, completando ainda que tem “certeza” que se der “autonomia para as instituições, muita coisa vai aparecer”.
Bolsonaro é o culpado pelo “efeito Lula”
Ao falar sobre a corrida eleitoral ao Palácio do Planalto, o ex-ministro comentou sobre o fato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estar à frente nas pesquisas de intenção de voto. Segundo ele, o único “culpado” para isso é Bolsonaro.
Isso porque, para o ex-juiz federal, “a única razão” de Lula estar na frente é que os brasileiros “querem se livrar do Bolsonaro”. “O Bolsonaro faria um favor para o país se pegasse o boné e fosse para casa, porque ele está elegendo o Lula”, disse Sergio Moro.
Ainda segundo ele, não tem como comparar Lula e Bolsonaro, pois não há como eleger quem seja pior. Apesar disso, ele acredita que um dos dois estará no segundo turno, mas não a dupla. “Não vamos correr esse risco de segundo turno com Lula e Bolsonaro, o brasileiro não tem vocação para o suicídio”.
Sergio Moro na Política
Por fim, o ex-ministro ainda comentou sua mudança de ideia. Isso porque Sergio Moro disse inúmeras vezes que seria candidato à presidência. Segundo ele, a mudança aconteceu porque ele notou que não conseguiria “mudar o rumo do Brasil” ocupando o posto que estava.
“A gente imaginava que a gente teria iniciado um período diferente, mas acho que todo mundo se decepcionou muito com a realidade atual”, disse ele, afirmando que foi “sabotado” por Bolsonaro quando o assunto é o combate à corrupção.
“Eu fui sabotado pelo presidente da república Jair Bolsonaro e também, não foi só ele, mas ele contribuiu pra esse ambiente de reação contra o combate à corrupção”, afirmou Sergio Moro, que hoje aparece em terceiro nas intenções de voto, atrás somente de seu ex-aliado Bolsonaro e de Lula, quem ele condenou na Lava Jato – as condenações foram anuladas. Veja a entrevista completa:
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