Sérgio Moro (Podemos), ex-ministro da Justiça e ex-juiz da Operação Lava Jato, revelou nesta sexta-feira (28) detalhes sobre seus ganhos trabalhando na consultoria americana Alvarez & Marsal, responsável pela administração judicial de empreiteiras investigadas pela Lava Jato. De acordo com o agora pré-candidato à presidência da república, ele recebeu R$ 3,65 milhões durante um ano.
A informação foi revelada pelo político durante uma transmissão em uma rede social. Segundo ele, além do salário de cerca de R$ 250 mil, ele também teve direito a um “bônus de assinatura” de cerca de R$ 850 mil, mas devolveu por volta de R$ 368 – os valores apresentados pelo ex-juiz foram em dólar, mas convertemos para o real.
Essa revelação de Sergio Moro aconteceu porque o Tribunal de Contas da União (TCU) abriu procedimento para apurar um possível conflito de interesses na relação entre o ex-juiz e o escritório. Os trabalhos do ex-ministro da Justiça e ex-juiz da Lava Jato na consultoria começaram em novembro de 2020, após ele ter saído do comando da pasta.
Na Alvarez & Marsal, que atua como administradora judicial da Odebrecht, OAS e da Galvão Engenharia, empreiteiras alvos de investigação da Lava Jato e que tiveram dirigentes condenados por Sergio Moro, o ex-ministro atuou desempenhando a função de diretor.
Práticas ‘ilegítimas’ de Sergio Moro
Hoje, Sergio Moro é investigado por ter supostamente cometido uma prática conhecida no mundo jurídico como revolving door, registrada quando um agente público migra para o setor privado na mesma área de atuação e repassa informações privilegiadas que podem beneficiar os clientes dessa organização.
Além disso, as investigações, lideradas pelo Ministério Público Federal (MPF) junto ao TCU, investigam a prática do chamado lawfare, que seria a utilização, de forma estratégica, do sistema jurídico para se beneficiar.
Foi por conta dessas suspeitas que o Bruno Dantas, ministro do TCU, determinou que a consultoria Alvarez & Marsal revelasse os valores pagas para Sergio Moro, que deixou a consultoria em outubro do ano passado e, no mês seguinte, filiou-se ao partido Podemos e foi lançado pré-candidato da legenda à Presidência da República nas eleições deste ano.
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