Sergio Moro (União Brasil), ex-juiz da Operação Lava Jato, foi ao Twitter neste sábado (09) afirmar que Gilmar Mendes, ministro Supremo Tribunal Federal (STF), quer “anular toda a Lava Jato com base em mensagens hackeadas”, uma alusão ao uso de diálogos da Operação Spoofing, que investiga a atuação de hackers que tiveram acesso a conversas de autoridades com o ex-juiz e procuradores da ação.
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A declaração de Sergio Moro foi feita porque, nesta semana Gilmar Mendes anulou as decisões do processo contra Walter Faria, dono da cervejaria Petrópolis. O empresário foi alvo da operação Rock City, fase 62 da Lava Jato, em 2019.
“Gilmar Mendes quer anular toda a Lava Jato com base em mensagens hackeadas. Aliás, nem proferi decisões nesta operação. O STF e a sociedade vão deixar isso acontecer?”, perguntou Sergio Moro. Em outro momento, ele ainda disse que a anulação do processo contra Walter Faria feita por Gilmar Mendes nada mais é do que “mais um balde de água fria nos brasileiros de bem”.
De acordo com uma reportagem do portal “Metrópoles”, o ministro do STF utilizou diálogos da Operação Spoofing para decidir sobre a anulação. Ainda conforme o site, na visão de Gilmar Mendes, as mensagens mostraram um “acordo espúrio que importa na quebra da imparcialidade do magistrado e na nulidade dos atos praticados”.
Em sua decisão, Gilmar Mendes ainda apontou a “incompetência e nulidade desde a origem dos atos praticados nos autos da operação Rock City” na qual Walter Faria era um dos alvos.
Anulação de atos da Lava jato
Walter Faria foi uma das pessoas que pediu ao STF que a decisão concedida ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fosse estendida a ele. O petista conseguiu acesso às mensagens apreendidas na Operação Spoofing e que poderiam beneficiá-lo. No final de março, a subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo pediu que o STF estabelecesse limites do uso das mensagens apreendidas no âmbito da Operação Spoofing.
Isso porque, de acordo com ela, a reclamação do dono do Grupo Petrópolis “transbordou a sua finalidade para se transformar em verdadeiro meio processual de avanço por sobre as instâncias anteriores”. Na visão da sub-procuradora, o correto deveria ser a extinção e arquivamento do pedido de Lula, o que limitaria pedidos como o feito pela defesa de Walter Faria.
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