Um relatório feito pela Polícia Federal (PF) mostrou que pedidos de dinheiro foram feitos pelo senador licenciado Eduardo Gomes (PL) ao empresário, Jorge Rodrigues Alves. Segundo as investigações, o parlamentes ainda se prontificou a atender um pedido do empresário para adiar uma portaria do Inmetro.
A revelação foi feita nesta quinta-feira (28) pelo jornal “O Globo” e culminou em uma nota de Eduardo Gomes, que antes de se licenciar era líder do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso. De acordo com o parlamentar, os pedidos de dinheiro aconteceram, mas se trataram de empréstimos e não tiveram nenhuma irregularidade.
Esse suposta pedido de dinheiro foi constatado em diálogos encontrados pela Polícia Federal no celular do empresário – o aparelho foi confiscado após uma operação da entidade, que investiga executivos do Tocantins suspeitos por crimes como lavagem de dinheiro e organização criminosa.
De acordo com as investigações apresentadas pelo jornal “O Globo”, a PF constatou que, “aparentemente”, empresário realizou pagamentos ao senador em troca de favores de interesses empresariais.
“Há diversas conversas entre Jorge e o senador Eduardo Gomes, indicando que Jorge aparentemente paga contas para o senador e lhe envia dinheiro, assim como lhe pede favores e intercessão em assuntos de suas empresas”, afirmou a PF em um documento enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) – o senador tem foro privilegiado.
Neste documento, existem conversas que continham comprovantes de depósitos bancários para pessoas indicadas pelo senador. Uma dessas conversas aconteceu em abril de 2020. Na ocasião, o senador passou os dados bancários de um de seus assessores. “Acha que consegue 20?”, perguntou Eduardo Gomes. Em resposta, Jorge Rodrigues Alves afirmou: “Opa! Certeza!”.
Já em outra conversa que consta no documento e também foi publicada pelo “O Globo”, o senador pediu dinheiro ao empresário para custear o buffet de uma festa. Na ocasião, o empresário perguntou como seria o depósito e ainda chamou o senador de amigo. “Como seria? Direto no buffet? Quanto? Estamos juntos, amigo”, disse o executivo. Na sequência, o senador passou os dados bancários de uma mulher.
Além dos pedidos do senador, também consta a solicitação de Jorge Rodrigues Alves, que em abril de 2019 pediu a ajuda do parlamentar para que ele conseguisse o adiamento de uma portaria do Inmetro criada para mudar especificações das luminárias usadas nas cidades onde o empresário atua com construção civil.
“Preciso muiiiiito de sua ajuda”, disse o empresário, dizendo ainda: “Portaria 20 do Inmetro. Precisa ser URGENTEMENTE suspensa ou adiada”. Após o senador dizer que iria conversar com Carlos da Costa, até então secretário de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, o executivo agradeceu.
“Importantíssimo! Amigo, cuida de mim!”, disse o empresário. Cerca de um mês depois, o senador enviou um e-mail para Jorge Rodrigues Alves informando que a presidente do Inmetro havia adiado a portaria.
Como explicado, o senador nega as irregularidades. Na nota em que disse que apenas pediu empréstimos ao empresário, o parlamentar ainda disse que jamais “houve qualquer intermediação ou negócio irregular”. “No exercício do mandato, o senador somente dá seguimento a eventuais demandas quando estas são de interesse público, de forma transparente e responsável”, afirmou no comunicado enviado à imprensa nesta quinta.
Leia também: Presidente do TSE dá dois dias para PL, partido de Bolsonaro, se manifestar sobre suposto impulsionamento irregular