O Senado Federal aprovou que chamará o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para dar explicações sobre o nível das taxas de juros. As falas não acontecerão no plenário, mas sim na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Contudo, a medida é um convite, mas que foi vista com bons olhos por especialistas.
Esse convite do Senado faz parte de uma queda de braço iniciada por Lula com o Banco Central pela redução das taxas de juros. Atualmente, a Selic está em 13,75%, bem acima da inflação, que fica abaixo de 6%.
Senado chamou Campos Neto
A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado, convocou o presidente do Banco Central para falar sobre o atual nível das taxas de juros. Segundo alguns economistas, o atual patamar da Selic é elevado e pode gerar grandes problemas para a economia. Por outro lado, outros especialistas dizem que ainda é preciso manter os juros altos.
Para o consumidor, o atual nível da Selic se reflete em empréstimos mais caros, financiamentos menos acessíveis e problemas para os empreendedores. Críticos que são contra a ida de Campos Neto ao Senado afirmam que a redução das taxas de juros seria um problema para o país, já que poderia levar a um aumento da inflação.
Contudo, a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) colocou ainda mais dúvidas no debate. Isso porque a alta de juros não é exclusiva do Brasil, já que vem acontecendo no mundo todo. Especialistas acreditam que Campos Neto deve abordar o tema no encontro com o Senado, que acontecerá no dia 4 de abril.
A reunião, se Campos Neto aceitar o convite, será após a reunião do COPOM, nos dias 21 e 22 de março. Nela, Fernando Haddad, da Fazenda, Simone Tebet, do Planejamento, e Campos Neto, do Banco Central, definirão a nova taxa de juros. Vale lembrar que o Senado não tem influência sobre a política monetária.
Cenário é extremo
Minutos após a oficialização do convite do Senado a Campos Neto, especialistas relembraram que o atual cenário é complicado, e já há reflexos em toda a economia. Isso porque empresas do varejo estão fechando lojas, a inadimplência está em alta e a economia está com baixas perspectivas de crescimento para esse ano.
Segundo a assessoria de Vanderlan Cardoso (PSD-GO), o senador responsável pelo convite, a chamativa ao Senado é uma forma de o Legislativo coordenar as discussões entre Lula e o Banco Central. Desde o início de seu mandato, o presidente vem pressionando por um juros menor. Na prática, isso diminuiria a inadimplência, facilitaria a geração de empregos e o acesso ao crédito.