Humberto Costa (PT), senador e presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, revelou nesta segunda-feira (18) que vai pedir acesso aos áudios de sessões do Superior Tribunal Militar (STM) durante o período da ditadura militar em que ministros falam sobre torturas ocorridas no período, que durou de 1964 a 1985.
Assim como publicou o Brasil123, esses áudios inéditos foram analisados pelo historiador Carlos Fico, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e revelados pela jornalista Miriam Leitão, do jornal “O Globo”. “A exposição das gravações em que ministros do STM admitem tortura é uma assunção cabal do Estado sobre tudo o que cometeu durante o regime militar”, começou Humberto Costa em sua conta do Twitter.
“É especialmente sensível receber todo esse relato pela escrita de uma mulher tão seviciada pela ditadura como foi Miriam Leitão”, escreveu o senador, relembrando que a jornalista que publicou os áudios também foi uma das vítimas da ditadura no Brasil.
“Essas revelações mostram que o trabalho com o nosso passado mal começou”, disse o senador, afirmando que a criação da chamada Comissão da Verdade foi um grande passo investigativo sobre a ditadura, mas que “ainda há um enorme caminho a percorrer”. “Por isso, a Comissão de Direitos Humanos do Senado pedirá acesso aos áudios e tomará as devidas providências Humberto Costa, presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado”, afirmou o parlamentar.
Áudios sobre a ditadura
Assim como publicou o Brasil123, o conteúdo sobre a ditadura veio à tona no domingo (17), quando Miriam Leitão publicou mais de dez mil horas de áudios. De acordo com as informações, essas gravações foram analisadas pelo historiador Carlos Fico, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Nos áudios, existem passagens perturbadoras, como a denúncia sobre o caso de uma mulher que, apesar de estar grávida de três messes na época, 1977, foi torturada com choques elétricos na genitália – ela acabou sofrendo um abordo espontâneo. Outro caso constado nas gravações é a de um homem que foi torturado com marteladas até que ele assumisse a culpa por ter supostamente roubado um banco.
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