Segundo a Agência Brasil, comissão que debate as ações no enfrentamento à covid-19 no Senado recebeu nessa segunda-feira (02) o ministro das Comunicações, Fábio Faria. Os senadores queriam ouvir do ministro as providências do governo federal para a instalação de internet nos estabelecimentos de ensino, no esforço de retorno às aulas de maneira segura. Faria afirmou que o leilão do 5G deverá atender as escolas sem acesso à internet.
“Hoje nós temos 40 milhões de pessoas sem internet no país. Nós temos hoje, no Brasil, 140 mil escolas. O leilão de 5G vai atender 100 % das escolas”, disse o ministro. Ele explicou que das 140 mil escolas, 79 mil são urbanas com internet e 6 mil são urbanas sem internet. Essas 6 mil urbanas, afirmou ele, receberão internet nos dois primeiros anos dos investimentos que as operadoras vencedoras do leilão 5G deverão fazer.
Já as escolas rurais sem conexão com a internet somam 30 mil. A ideia também é conectar ao 5G todas as escolas rurais em localidades com 600 habitantes ou mais. As localidades com menos de 600 pessoas terão a internet via satélite, pelo programa Wi-Fi Brasil.
O programa Wi-Fi Brasil tem instalado pontos de internet via satélite banda larga e de alta velocidade em regiões remotas do país. “Conectamos 10 mil escolas com o Wi-Fi Brasil através da parceria com a Telebras. Levamos antenas da Telebras para escolas, Unidades Básicas de Saúde e praças. São 14 mil pontos, mas 10,5 mil pontos foram em escolas rurais. E o nosso foco é destinar em torno de 80% dos pontos para terminarmos de levar conexão para todas as escolas”, disse o ministro. A meta é terminar a conexão de escolas pelo Wi-Fi Brasil até julho de 2022.
Ao final desse trabalho, ele estima que apenas escolas sem acesso à energia elétrica não serão atendidas. “Teremos menos de 10 mil escolas que ficarão sem internet no Brasil, que são escolas em localidades muito remotas, muito pequenas, que não têm energia elétrica”.
As discussões no Senado sobre escolas e aulas pela internet
O Senado quer ouvir do ministro das Comunicações, Fábio Faria, as providências do governo federal para a instalação de internet 5G nas escolas. Entretanto, ainda em Julho, o Senado debateu em plenário sobre os reflexos da pandemia para a educação no país. Os especialistas convidados disseram que pesquisas constataram o prejuízo aos alunos durante o período. A ampliação do ensino integral é apontada como um caminho para a recuperação das perdas.
Na linha de estudos que estimam o impacto, o Banco Mundial prevê piora na capacidade de leitura e compreensão de textos pelos estudantes. Em um recém-lançado relatório sobre a situação na América Latina e no Caribe, a instituição estimou que o percentual de “pobreza de aprendizagem” no Brasil poderá subir de 50% (nível pré-pandemia) para até 70%, num cenário de fechamento das escolas por 13 meses. O indicador considera a proporção de crianças de 10 anos que apresentam graves dificuldades de leitura. Em outras palavras, alunos com idade para estar no 5º ano do Ensino Fundamental, mas que não conseguem entender um texto simples.
Segundo divulgado pelo Instituito Unibanco, os alunos dos países latino-americanos e caribenhos, em média, ficaram pelo menos 159 dias sem aulas presenciais no ano letivo de 2020. O resultado seriam perdas de aprendizagem, ou seja, estudantes aprendendo menos do que seria esperado numa situação de normalidade. Isso é o que indica outra projeção apresentada no relatório, tendo como referência o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês). Uma interrupção de dez meses de aulas presenciais na América Latina e no Caribe poderia elevar de 55% para 71% a proporção de estudantes de 15 anos com desempenho abaixo dos níveis mínimos de proficiência no Pisa − exame que avalia leitura, matemática e ciências.