Nesta terça-feira (4), o plenário do Senado aprovou as indicações de Gabriel Galípolo e de Ailton de Aquino para a diretoria do Banco Central (BC). Galípolo, indicado para a diretoria de política monetária do BC, recebeu 39 votos a favor e 12 contra. Aquino, indicado para a diretoria de fiscalização, recebeu 42 votos a favor e 10 contra.
Vale destacar que, mais cedo, os nomes foram aprovados na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, com 23 votos favoráveis e 2 contrários, a fim de compor a Diretoria de Política Monetária do BC.
Indicados ao Banco Central
Os nomes dos indicados ao Banco Central foram revelados pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no mês de maio. Indicado para a diretoria de política monetária, Galípolo serviu como Secretário-executivo da pasta. Antes, o cargo era ocupado por Bruno Serra, cujo mandato foi encerrado em fevereiro, sendo exonerado em março. Atualmente, a função é exercida atualmente por Diogo Guillen.
Já Ailton de Aquino é servidor de carreira, sendo indicado para a área de fiscalização, substituindo Paulo Souza, que também teve o mandato expirado em fevereiro. Contudo, Souza aguarda a nomeação do novo diretor para deixar o cargo.
Banco Central e interesses do governo
A indicação de Galípolo e Aquino para a direção do BC trata-se de uma vontade do governo de enturmar a relação com a presidência do órgão, liderado por Roberto Campos Neto, de modo a diminuir a taxa básica de juros (Selic), que vem sendo criticada por Lula desde seu início de seu mandato.
De acordo com o líder do Governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues, os indicados terão uma missão central de começarem a trabalhar para o que o governo espera, a partir de agosto, a redução da taxa de juros.
Os jornalistas, o senador Randolfe Rodrigues afirmou:
Todos os sinais apontam que é insuportável e está na contramão da taxa de juros que nós temos hoje no país. A missão central do doutor Galípolo e do doutor Ailton é levar essa sensibilização, que não é do governo, mas é de todos os setores da economia brasileira, para o Banco Central.
O que dizem Galípolo e Aquino?
Gabriel Galípolo
Durante a sabatina que definiu a diretoria de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo afirmou:
As medidas até aqui implementadas [pelo Executivo e Legislativo] produziram, no primeiro semestre, a valorização da nossa moeda; previsões de um déficit primário menor; a aprovação de um conceito já de uma nova regra fiscal; projeções de crescimento mais elevado; menor inflação; e o mercado já projeta taxas de juros mais baixas e cortes na taxa de juros futura.
Questionado sobre o sobre a autonomia do Banco Central, Galípolo respondeu:
Não cabe aos diretores opinarem ou darem diretrizes sobre a autonomia, a gente acata a legislação. Mas acho que, muitas vezes, se entende isso como uma autonomia do processo democrático ou como se alguém quisesse ser indicado para fazer algo à revelia da vontade democrática. O que não é o desejo de ninguém que está ocupando ou está candidato para ocupar uma autarquia.
Ailton de Aquino
Já em sua sabatina, Ailton de Aquino afirmou que desde o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva a equipe econômica decidiu trilhar o “caminho mais difícil” da harmonização entre a política fiscal e monetária. Em outras palavras, Aquino se refere à política monetária do BC para aumentar os juros e evitar a inflação, ao mesmo tempo que o Ministério da Fazenda injeta recursos na economia para combate a escassez.
Por fim, Aquino enfatizou que o Banco Central está sofrendo com a diminuição do número de funcionários, enquanto a demanda só aumenta, ele afirmou que a situação exige uma atenção à valorização da profissão e à geração de novos concursos.