Cinco em cada 10 moradores de favelas do Brasil tiveram que diminuir a alimentação depois do fim do Auxílio Emergencial. Pelo menos é o que mostram os dados de uma pesquisa do Instituto Locomotiva em parceria com a Central Única das Favelas (Cufa).
De acordo com esse levantamento, cerca de 58% dos moradores de todas as favelas do país pediram e receberam o auxílio emergencial. A grande maioria deles estava recebendo o auxílio até o último mês de dezembro, quando o programa acabou.
Mas desses 58%, cerca de 53% estão hoje tendo que cortar as despesas com alimentação básica. Isso significa dizer que essas pessoas estão comprando menos comida. De acordo com a Cufa, hoje a média é de duas refeições por dia nas favelas do país.
“O auxílio emergencial fez com que, nesse território de favelas, as pessoas não tivessem morrido de fome no ano passado. Agora, nossa pesquisa já reflete dificuldades para a compra de alimentos”, disse Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
Os números assustam mais quando se mostra que sete em cada 10 moradores de favelas estão tendo que cortar gastos em alimentação ou com produtos de limpeza. Essas pessoas não estão conseguindo comprar produtos básicos de higiene em plena pandemia.
Fome nas favelas
De acordo com os dados oficiais, cerca de 16 milhões de pessoas moram nas favelas do país. Vários outros países do mundo, aliás, possuem populações bem menores do que isso. Mas se compararmos com algum país, seria um país extremamente pobre.
Os moradores das favelas estão vivendo no dilema: ficar em casa e correr risco de morrer de fome ou sair de casa para procurar emprego, não achar o emprego e contrair o vírus? No meio de tudo isso, o Governo ainda não crava o início do pagamento da prorrogação do auxílio emergencial.