O presidente Jair Bolsonaro (PL), que normalmente repete que não interfere nas decisões da Petrobras, afirmou nesta quinta-feira (10) durante sua tradicional live que, caso “resolvesse”, ele daria um “murro na mesa” para obrigar a empresa a reduzir os preços dos combustíveis.
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“O Brasil é autossuficiente em petróleo. Não precisava estar sofrendo como sofre hoje em dia se não fossem políticas erradas lá de trás”, afirmou Bolsonaro. Em outro momento, ele afirma que alguns querem que ele vá “na Petrobras dar um murro na mesa e resolva” a situação.
“Não é assim. Se resolvesse, até faria. Mas não vai resolver, vai piorar a situação. Estamos devagar — ou na velocidade do possível — buscando alternativas”, disse o chefe do Executivo, que já deu declarações anteriores sobre os preços praticados pela Petrobras e provocou uma queda nas ações da empresa, que tem o governo como o principal acionista.
Geralmente, o presidente diz que a estatal tem gestão independente e que o governo federal não pode interferir na política de preços da empresa que, desde 2016, se baseia no preço do petróleo no mercado internacional para precificar o combustível no Brasil. Apesar disso, ele já tomou decisões que impactassem a empresa, como a ordem de não aumentar o preço do diesel, em 2019.
Alta nos combustíveis
A declaração de Bolsonaro acontece porque, nesta quinta-feira, a Petrobras anunciou que, após 54 dias sem promover nenhum reajuste, elevará tanto o preço da gasolina quanto o do diesel nas bombas, afetando todos os brasileiros. De acordo com a estatal, o preço da gasolina será elevado em 18,5%. Alguns pontos percentuais a menos do que o diesel, que a partir de sexta-feira (11) estará 24,9% mais caro.
Segundo a empresa, o motivo das altas leva em conta os aumentos seguidos do petróleo que, por conta da guerra da Ucrânia, invadida pela Rússia, atingiu preços que não eram vistos desde 2014, ultrapassando a barreira dos U$ 100. Conforme apontam especialistas, caso a guerra continue, existe a chance de o barril do petróleo atingir a incrível marca de U$ 300, fazendo com que o litro da gasolina no Brasil ultrapassasse os R$ 18.