O Banco Central (BC) revelou na última sexta-feira (5) que os saques superaram os depósitos da poupança em outubro deste ano. A saber, foram aplicados R$ 278,078 bilhões no mês, enquanto R$ 285,509 bilhões foram retirados. Assim, outubro chegou ao fim com uma retirada líquida de R$ 7,430 bilhões, terceiro mês consecutivo de saldo negativo.
Em resumo, a caderneta de poupança conseguiu atrair muitos brasileiros em 2020. O ano passado chegou ao fim registrando um valor recorde de captação líquida (R$ 166,309 bilhões). Contudo, neste ano, as coisas estão diferentes e os saques superam os depósitos no acumulado dos nove primeiros meses.
A propósito, em janeiro deste ano, o saldo ficou negativo R$ 18,153 bilhões. Esse retirada líquida mensal é a maior já registrada pelo indicador em toda a série histórica. Já em fevereiro, a poupança registrou um saque líquido de R$ 3,571 bilhões, enquanto que em março as retiradas totalizaram R$ 3,524 bilhões.
O resultado começou a mudar em abril, quando as captações superaram os saques em R$ 3,840 bilhões. Da mesma forma, maio chegou ao fim com mais um resultado positivo (R$ R$ 72,6 milhões), assim como junho (R$ 7,09 bilhões) e julho (R$ 6,37 bilhões).
No entanto, com o acréscimo das retiradas líquidas em agosto (R$ 5,467 bilhões), setembro (R$ 7,719 bilhões) e, agora, em outubro, o volume de saques no acumulado do ano supera o de depósito em R$ 30,779 bilhões.
Entenda a movimentação da poupança durante o ano
De acordo com o BC, os saques líquidos da poupança totalizaram R$ 27,5 bilhões entre janeiro e março de 2021. O resultado foi impulsionado pelo aumento de despesas que ocorrem no primeiro trimestre, como Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
Já o primeiro saldo positivo do ano, em abril, coincidiu com a liberação de mais rodadas do auxílio emergencial, cujo pagamento ocorreu em quatro parcelas. Aliás, o valor caiu direto nas contas poupança digitais abertas pela Caixa Econômica Federal, ajudando a aumentar o valor dos depósitos no mês.
Em suma, captação líquida é o resultado da diferença entre depósitos e saques da poupança. Assim, os saldos mensais mostram que houve mais dinheiro retirado do que investido na aplicação financeira mais famosa do Brasil em 2021.
A saber, os investimentos na poupança ficaram em alta durante todo o ano passado, mesmo com os juros básicos mais baixos. O rendimento correspondeu a 70% da Taxa Selic, que define os juros básicos da economia. Contudo, com as reduções na Selic em 2020, a poupança acabou rendendo 2,29%, índice menor que a inflação (3,52%).
Em 2021, o cenário é outro. A Selic já sofreu seis elevações no ano, passando de 2,0% no início do ano para 7,75% na semana passada. Com isso, o rendimento da poupança também cresceu, mas, até agora, os brasileiros continuam retirando bem mais dinheiro do que aplicando na caderneta.
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